O governador de Pernambuco e provável candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse nesta quinta-feira que o Brasil vive uma crise de expectativa na economia provocada pelo que ele chamou de "percepção" do mercado econômico e da sociedade de que o tripé macroeconômico -robustez fiscal, câmbio flutuante e controle da inflação—foi abandonado pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Ao lado da ex-senadora Marina Silva, com quem se aliou com vistas à disputa presidencial do ano que vem, Campos apresentou em São Paulo o documento que servirá de base para o programa de governo conjunto do PSB e da Rede Sustentabilidade, partido que Marina tentava criar para a eleição do ano que vem, mas que não obteve registro junto à Justiça Eleitoral. Um dos pontos deste documento é a manutenção da estabilidade econômica via o tripé macroeconômico. "Criou-se uma impressão no mercado, na sociedade, nas pessoas que fazem o debate econômico que o governo, de alguma forma, está alterando o modelo que vinha em vigor desde o segundo governo do presidente Fenando Henrique", disse Campos em entrevista coletiva. "O que ocorreu nos últimos pouco menos de dois anos é a impressão de que aquilo que era uma política anticíclica tomada em 2009 passou a ser uma política permanente que colocava esse modelo de lado", acrescentou o governador sem dizer, no entanto, se partilhava desta impressão. Campos mencionou por mais de uma vez que acredita haver a necessidade de "reverter as mudanças de expectativas em relação ao futuro do Brasil". Apresentado por Campos e Marina, o documento também defende uma reforma urbana para criar cidades mais sustentáveis e a segurança pública como parte dos "desafios estratégicos" para o Brasil. Os aliados repetem ainda o discurso de manter as conquistas da estabilidade econômica e da inclusão social. "Esta estabilidade (econômica) precisa ser preservada nas próximas décadas, fincada nos compromissos de toda a sociedade com a responsabilidade fiscal, com uma política monetária vigilante e com a manutenção do regime de câmbio flutuante", afirma o documento. Marina, por sua vez, foi mais dura na crítica à condução da política econômica de Dilma. Para a ex-senadora, a presidente está "a duras penas manejando a questão da estabilidade econômica" que, na avaliação de Marina está "por um triz em relação a vários aspectos". O governo tem enfrentado dificuldade para cumprir sua meta fiscal para este ano e a inflação também tem aparecido entre as preocupações da população, o que tem levado o Comitê de Política Monetária do Banco Central a elevar a taxa básica de juros em suas últimas reuniões. DEFINIÇÃO DE CANDIDATO Marina foi novamente indagada sobre a definição do candidato à Presidência da aliança PSB-Rede para a eleição do ano que vem. Embora Campos, que também preside o PSB, seja apontado como candidato mais provável, Marina tem aparecido melhor posicionada nas pesquisas de intenção de voto, o que tem gerado especulações de que ela ocupe a cabeça da chapa. "Quando fizemos a aliança com o PSB, partimos do pressuposto de que o candidato é o Eduardo", disse a ex-senadora, acrescentando que o momento é de discutir o programa de governo e que a definição da canidatura será feita no ano que vem. O texto apresentado nesta quinta será submetido a sugestões dos internautas até fevereiro de 2014. A expectativa é de que desse documento inicial e das sugestões feitas surja em maio o que deve ser um outro documento que dará as diretrizes do programa de governo do PSB e da Rede. (Por Eduardo Simões)
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