MELBOURNE, AUSTRÁLIA - O cardeal australiano George Pell, ex-chefe de finanças do Vaticano, recebeu nesta terça-feira, 12, uma pena de seis anos de prisão por abusar sexualmente de crianças. Com esta sentença estabelecida pela Justiça da Austrália, o religioso torna-se o mais alto representante da Igreja Católica a ser condenado por abuso de menores.
A Corte de Melbourne havia declarado o cardeal, de 77 anos, culpado no dia 27 de fevereiro por agressão sexual e outras quatro acusações de atentado ao pudor contra dois coroinhas, de 12 e 13 anos, na sacristia da Catedral de São Patrício na década de 1990.
Ao definir a sentença, o juiz Peter Kidd declarou que levou em conta os delitos "horríveis" e a avançada idade do clérigo, que enfrentava uma pena máxima de até 50 anos pelo crime. Pell, que alega inocência, manteve silêncio enquanto o juiz descrevia os ataques contra os menores e avaliava que "poderá não viver o suficiente para ser libertado".
O cardeal foi obrigado a assinar o registro de agressores sexuais e deverá cumprir, no mínimo, três anos e oito meses de prisão da sentença de seis anos.
De acordo com o processo, Pell se aproximou dos dois menores quando eles eram bolsistas do tradicional colégio St. Kevin e cometeu os crimes em dezembro 1996. Ainda segundo os dados levantados, um dos meninos voltou a sofrer a agressão sexual dois meses depois.
"Há um nível adicional de degradação e humilhação que cada uma de suas vítimas deve ter sentido ao saber que o abuso que sofreram foi visto pelo outro", disse o magistrado, acrescentando que o condenado era o cardeal e não a Igreja Católica. Um dos coroinhas vítimas de Pell morreu em 2014 em decorrência de uma overdose.
O cardeal, que foi prefeito da secretaria de Assuntos Econômicos - o terceiro cargo em importância na estrutura administrativa da Igreja -, ocupou o cargo de arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2001 e depois se tornou arcebispo de Sydney até 2014, quando foi para o Vaticano, convidado pelo papa Francisco para responder pelas finanças da entidade. / AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.