Carnaval de Salvador dará lucro pela primeira vez, diz governo do município

Eventos vão ser 'fechados'; acesso será feito por pórticos com fiscalização de comerciantes e público

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A prefeitura de Salvador anunciou nesta segunda-feira, 13, que a operação do carnaval será, pela primeira vez, "lucrativa" para os cofres da administração municipal, em 2014. De acordo com as contas da prefeitura, os custos estimados para a realização do evento, que dura uma semana, são de R$ 28 milhões e a captação líquida com patrocínios chegou a R$ 38 milhões - ante R$ 11 milhões na folia de 2013."É provável que seja uma situação inédita, uma cidade ter superávit na organização de um evento desse porte", diz o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura de Salvador, Guilherme Bellintani. "Esse é um resultado parcial, já que seguimos negociando com outras empresas, mas que representa um grande crescimento com relação ao que a festa vinha captando nos últimos anos. O carnaval de Salvador passa a ser um evento que se autossustenta."Os patrocinadores oficiais da festa foram apresentados pelo prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), o ACM Neto, em um evento em hotel do centro da capital da Bahia. Além dos contratos que já haviam sido anunciados - com Banco Itaú, Brasil Kirin (Schin), Grupo Petrópolis (Itaipava), Petrobras e governo do Estado -, ACM Neto incluiu no rol o grupo de telecomunicações Net.Os investimentos diretos das empresas no carnaval chegam a R$ 45 milhões. Além desse montante, as empresas ainda aportaram R$ 10 milhões em outros projetos culturais na capital baiana. As maiores cotas foram adquiridas pelas cervejarias: as duas firmaram contratos de R$ 10 milhões para o carnaval e R$ 5 milhões para outras parcerias com a prefeitura da capital. "Estamos aproveitando o carnaval para ampliar os benefícios obtidos com a captação de recursos, que vão abranger outras áreas da cultura e do turismo", afirma o prefeito de Salvador.Em contrapartida, as fabricantes de bebidas terão direito à exclusividade de vendas dos produtos do portfólio - cervejas, água, refrigerantes, isotônicos, entre outros - nos circuitos oficiais da folia soteropolitana. O Grupo Petrópolis abastecerá o Circuito Dodô (Barra-Ondina), na Orla, enquanto a Brasil Kirin espalhará os produtos pelo Circuito Osmar (Campo Grande), no centro, e pelas áreas menos concorridas do evento soteropolitano, como o Circuito Batatinha (Pelourinho) e as festas de carnaval de bairro.FiscalizaçãoA prefeitura soteropolitana promete coibir qualquer tentativa de venda de outros produtos nos circuitos oficiais da festa. De acordo com Bellintani, as áreas nas quais os eventos de carnaval ocorrem serão "fechadas" e o acesso será feito por pórticos, onde fiscais municipais e policiais revistarão comerciantes e público. Além disso, os pontos de venda dos 3,5 mil ambulantes cadastrados serão padronizados - equipamentos e uniformes serão fornecidos pelas empresas. "Será mais fácil de fiscalizar porque quem estiver com isopor solto está ilegal", avisa.Segundo ACM Neto, 4 mil fiscais do Poder Executivo municipal atuarão na festa. "Vamos cumprir, exemplarmente, o que está estabelecido nos contratos, o compromisso de entregar aos parceiros privados o que foi firmado", promete. "Por outro lado, também estamos atentos com o preço dos produtos. Não é porque existe a exclusividade que vai se poder cobrar qualquer valor. Mas nossos parceiros têm o compromisso de garantir preços compatíveis com os praticados no mercado."O diretor de Mercado do Grupo Petrópolis, Douglas Costa, afirma que "ninguém vai ficar sem beber no carnaval por causa do preço", mas diz que os valores praticados nos circuitos ainda não foram definidos. "Como estamos chegando agora ao Nordeste (a primeira fábrica da empresa na região foi inaugurada em novembro), nosso maior interesse é que as pessoas experimentem e conheçam nossos produtos", diz. "Neste momento, isso é mais importante que a exposição da marca para a empresa."DescontoDurante a apresentação, o Executivo municipal afirmou que, dos contratos apresentados, o único que ainda não havia sido formalmente firmado era o com o governo da Bahia, no valor de R$ 4,1 milhões. Representando o governador Jaques Wagner (PT), o secretário de Comunicação do Estado, Robinson Almeida, tentou obter um abatimento no valor. "O investimento total do governo na festa, em áreas como Segurança Pública e Saúde, chega a R$ 55 milhões", disse. "Pela apresentação, dá para ver que a prefeitura pode receber um valor menor", argumentou, arrancando risos da plateia.Em seguida, Bellintani respondeu. "Exatamente por entender que o governo é um parceiro importante na festa, por saber que sem essa parceria não seria possível fazer esse evento, que o contrato que a prefeitura apresentou ao governo é o único que tem o mesmo valor que teve no ano passado."

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