Carnaval do RJ: última noite exalta o Pará e faz homenagens a Milton e à primeira travesti do Brasil

Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela se apresentam na última noite de desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

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Atualização:

A Mocidade Independente de Padre Miguel abriu a inédita terceira noite de desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro às 22h desta terça-feira. Este é o primeiro ano em que as 12 escolas da primeira divisão do carnaval do Rio estão divididas em três grupos - em vez de duas noites de exibições com seis escolas cada, estão sendo realizadas três noites com quatro agremiações.

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Em meio à novidade, um resgate do passado: o enredo da Mocidade, criado por Renato Lage e Márcia Lage, discorreu sobre o avanço tecnológico e o distanciamento que a humanidade teve da natureza ao longo do tempo. Um enredo retrô-futurista, que reuniu a família Flintstones, os Jetsons, videogame e muitas outras referências aos anos 1970, 1980 e 1990, com um robô gigante e dois pequenos cachorros-robôs na comissão de frente.

Quem viu os três desfiles campeões de Renato Lage pela Mocidade, em 1990, 1991 e 1996, pode ter achado que estava revendo um daqueles desfiles, porque a estética, as cores e formas exibidas foram exatamente iguais.

Foi o desfile mais diferente dentre os nove realizados até agora, uma volta no tempo, cuja avaliação pelos jurados é uma incógnita: será que eles vão entender a proposta?

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Fora essa questão interpretativa, a única coisa que pode prejudicar a Mocidade é o descuido no acabamento dos carros alegóricos. A diferença de estilos torna muito complicada a tarefa de comparar a Mocidade com Beija-Flor e Imperatriz, por exemplo. Só resta esperar os jurados.

Mocidade no desfile das escolas de samba na Sapucaí. Foto: Pedro Kirilos

Paraíso do Tuiuti corre para não exceder tempo de desfile e deve ser penalizada

A Paraíso do Tuiuti foi a segunda escola a se apresentar na terceira e última noite de desfiles no sambódromo do Rio de Jabeiro, a partir das 23h30 desta terça-feira, 4. A escola contou a história de Xica Mabicongo, primeira travesti não indígena do Brasil. Africana, ela chegou escravizada a Salvador, no final do século XVI.

A escola fazia um belo desfile em defesa do respeito ao público LGBTQIA+, mas se complicou com o andamento do desfile e precisou correr muito para nao exceder o tempo máximo de desfile, de 80 minutos. Encerrou sua exibição exatamente com esse tempo, mas a correria deve gerar perda de pontos em diversos quesitos.

Esse problema torna a Paraíso do Tuiuti a maior candidata ao rebaixamento até agora. Só uma escola é rebaixada, e uma ascende da segunda divisão.

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A deputada Erika Hilton participou da Comissão de Frente da escola. Foto: Pedro Kirilos

Grande Rio exalta o Pará e se credencia para o título

Penúltima das 12 escolas de samba da elite do Rio de Janeiro a desfilar, na madrugada desta quarta-feira, 5, a Grande Rio esbanjou luxo e samba no pé e se tornou a principal adversária da Beija-Flor na disputa pelo título.

Terceira agremiação a se exibir na terceira e derradeira noite de exibições no sambódromo do Rio, a escola de Duque de Caixas teve o patrocínio do governo do Pará para exaltar o estado. Mas os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que visitaram o estado em sete ocasiões, conseguiram driblar a narração pura e simples do estado para falar sobre o Pará partindo de uma lenda que envolve a região.

Segundo esse mito, três princesas turcas naufragaram e reapareceram no estado como caboclas. A partir dessa lenda, a escola exaltou a localidade e fica na expectativa do título, que será definido a partir das 16h desta quarta-feira, quando ocorre a apuração na Cidade do Samba.

Helder Barbalho, governador do Pará, participou do desfile da escola de samba. Foto: Pedro Kirilos

Portela faz homenagem a Milton Nascimento, mas não empolga

Última escola a desfilar na terceira e última noite de desfiles das escolas de samba do Rio, a Portela homenageou o cantor e compositor Milton Nascimento, na madrugada desta quarta-feira, mas decepcionou em fantasias e alegorias e não deve voltar para o desfile das campeãs.

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A escola de Madureira, detentora do maior número de títulos (22 ao todo), contou a história de Milton por meio de uma procissão que começava em Madureira, berço da Portela, e terminava em Três Pontas, cidade mineira onde Milton foi criado.

Mas a história do cantor acabou secundária em meio ao enredo; as fantasias e alegorias não tinham bom acabamento. Apesar da popularidade da escola, dona de uma das maiores torcidas dentre as agremiações cariocas, o desfile não empolgou, e a escola deve ficar fora do desfile das campeãs.

Portela faz homenagem a Milton Nascimento durante o desfile de 2025. Foto: Pedro Kirilos