A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou uma mulher por suspeita de envolvimento em um golpe financeiro contra seu ex-marido, o empresário Itamar Serpa Fernandes, fundador da empresa de cosméticos Embelleze, que morreu em 2023. Um filho dela e o ex-companheiro também foram indiciados. O prejuízo estimado ao patrimônio do empresário chega a R$ 122,4 milhões, conforme a investigação.
A reportagem não localizou a defesa dos suspeitos, que não tiveram as identidades divulgadas. A Embelleze disse acompanhar as investigações e afirmou que o caso não tem vínculo com os ativos da empresa (leia mais abaixo).
Segundo a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), a vítima vinha sendo alvo do golpe desde 2012. As investigações revelaram que a ex-mulher de Itamar foi a mentora do esquema, utilizando uma identidade falsa para manipular emocionalmente a vítima e assumir o controle de seu patrimônio.
Para isso, ela criou e gerenciou uma conta de e-mail sob o pseudônimo ‘Jéssica’, personagem fictícia que se apresentava como suposta amiga e confidente de Itamar. Durante anos, a mulher enviava mensagens para o empresário fingindo ser Jéssica, “explorando sua confiança, influenciando suas decisões e isolando-se de familiares e amigos”, segundo divulgou a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
As mensagens continham narrativas construídas com falsas acusações contra pessoas próximas e elogios direcionados a ex-mulher, levando Itamar a acreditar que ela era a única pessoa em que ele podia confiar. Ela conseguiu induzir Itamar a realizar transferências milionárias, modificar seu testamento e contratar seguros de vida em seu favor.
Ainda segundo a Polícia Civil, o grupo também isolou Itamar de sua família e explorou sua vulnerabilidade emocional, garantindo que ele não tivesse contato com pessoas que pudessem alertá-lo sobre o golpe. “Durante a investigação, foram reunidas provas técnicas e testemunhais robustas, incluindo análises periciais de e-mails, registros de acessos e dispositivos eletrônicos, além de depoimentos de familiares e funcionários de Itamar. As evidências apontam que os acusados se alternavam no uso de contas falsas para manter a influência sobre a vítima e acobertar as fraudes”, diz.
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O inquérito concluiu que a ex-esposa recebeu R$ 74,5 milhões em cotas da empresa, além de imóveis e valores oriundos de seguros de vida. Os outros envolvidos também se beneficiaram diretamente dos recursos desviados. Com base nas provas, a Draco indiciou os três envolvidos pelos crimes de estelionato, furto mediante fraude e associação criminosa.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público. Ainda segundo a Polícia Civil, foi aberto novo inquérito para investigar a lavagem de dinheiro praticada pelos acusados.
Empresa tem atuação em mais de 70 países
A Embelezze foi fundada em 1969, em Nova Iguaçu (RJ) e se tornou uma das principais marcas de cosméticos do Brasil, atuando também em mais de 70 países. Nos últimos anos, a empresa se destacou pelo desenvolvimento de produtos para cabelos cacheados e crespos.
Em nota, a Embelezze informou que acompanha a investigação conduzida pelas autoridades. “Reforçamos que esta é uma questão estritamente familiar, sem qualquer vínculo com as atividades e os ativos da empresa. Seguimos comprometidos com os mais altos padrões de governança corporativa, pautados pela ética, transparência e responsabilidade.”
Diz ainda que “ao longo de mais de 56 anos, construímos uma trajetória sólida, transformando vidas por meio da beleza. Mantemos nosso foco na inovação, na beleza das diferenças e na excelência, fortalecendo, dia após dia, a confiança de nossos clientes, parceiros e de todos que admiram, trabalham e acreditam em nossa empresa.”.
