Celular roubado: Saiba o que você deve fazer para bloquear o Pix e outros serviços

Com popularização da ferramenta de pagamento instantâneo, roubos e furtos de celular passaram a ser seguidos de uma ‘corrida contra o tempo’ para que vítimas bloqueiem os aplicativos de banco o quanto antes

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Por Ítalo Lo Re
Atualização:

SÃO PAULO – Desde que o Pix, ferramenta de pagamento instantâneo do Banco Central, se popularizou no País, os roubos e furtos de celular passaram a ser seguidos de uma “corrida contra o tempo” para que as vítimas bloqueiem os aplicativos de banco o quanto antes. Caso não consigam, quadrilhas têm se especializado em destravar o aparelho e invadir contas bancárias, multiplicando o prejuízo de quem já não tem mais o celular em mãos.

As quadrilhas têm lucrado tanto com transferências por Pix que o crime atraiu a atenção do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme investigação da Polícia Civil de São Paulo. De acordo com Anderson Honorato, delegado assistente da 2.ª Delegacia do Patrimônio, o Pix se tornou o “negócio da moda”, o que tem feito policiais investigarem grupos especializados no crime. Enquanto parte deles não são desmantelados, o Estadão listou dicas para evitar roubos com transferência pelo Pix.

1. Quando e como notificar o banco quanto ao crime?

Uma vez que o celular é roubado, o recomendado é que as vítimas acionem o banco imediatamente para solicitar o bloqueio do aplicativo e das transferências. Isso pode ser feito por telefones listados na internet ou por outros canais oferecidos em sites das instituições financeiras, como chats para atendimento. A depender do caso, o banco pode acabar retendo a transferência antes que o dinheiro vá para conta de laranjas.

Usuários do metro com celulares em tunel que liga as estaçõesConsolação, da linha verde, e Paulista da linha amarela;com popularização do Pix, roubos e furtos de telefones passaram a ser seguidos de uma corrida contra o tempo para que vítimas bloqueiem os aplicativos de banco o quanto antes Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 04/10/21

Outro passo complementar é, em caso de roubo ou furto de aparelho celular, trocar as senhas de todos os aplicativos que possam ter informações sensíveis, como e-mail, e notificar a operadora de telefonia. Quando o pedido é validado junto à operadora, é efetuado o bloqueio da linha, evitando que criminosos acessem as informações do chip e que entrem em contato com outras pessoas por meio do celular para aplicar mais golpes. Recentemente, ganhou força, por exemplo, o golpe que criminosos se passam pelas vítimas para solicitar empréstimos pelo WhatsApp.

2. Quais informações são solicitadas pela operadora para bloqueio do celular?

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Para fazer o bloqueio completo do celular, podem ser solicitadas pela operadora informações como dados pessoais, número do boletim de ocorrência e o IMEI, sigla utilizada para International Mobile Equipment Identity. Este último é um registro de identificação próprio de cada aparelho, que possibilita que o procedimento de bloqueio seja feito de forma mais ágil.

Caso o usuário não tenha o IMEI do aparelho registrado, é possível se precaver e obtê-lo discando o comando *#06# no telefone. O número é informado logo em seguida. Em casos de celulares com dois chips, inclusive, podem até ser mais de um. A recomendação é anotá-los em um lugar seguro e que possa ser acessado caso o celular seja roubado.

3. Onde registrar boletim de ocorrência de forma rápida?

Como se sabe, é imprescindível registrar boletim de ocorrência junto às autoridades policiais, ação que dá visibilidade ao crime, ajuda nas investigações policiais e permite, posteriormente, a identificação e as prisões de quadrilhas de criminosos. No Estado de São Paulo, é possível registrar ocorrência de forma online para parte dos crimes, como roubo e furto, por meio do site da Secretaria de Segurança Pública. Outros Estados também oferecem essa alternativa, mas também há a possibilidade de ir até uma delegacia.

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4. É possível diminuir os limites para transferência por Pix?

Sim. Quando os golpes envolvendo Pix começaram a ganhar força, em meados do ano passado, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) alertou que, desde abril de 2021, o usuário pode controlar seu limite no sistema de pagamento instantâneo, reduzindo ou aumentando o valor disponível para realizar transações. Para além de se precaver ao sair na rua, a medida é importante para auxiliar o cliente na gestão e controle de transações no Pix, mitigando riscos.

Como medida de segurança, o Banco Central fez uma série de mudanças no Pix em agosto do ano passado após os casos de roubo e sequestros relâmpago dispararem em São Paulo e outras capitais. Depois disso, o sistema de pagamentos que opera em tempo real passou a ter limite de R$ 1 mil para operações entre 20 horas e 6 horas. Além do Pix, o limite também passou a ser aplicado em outras operações entre pessoas físicas, como compras pelo cartão de débito e em TEDs (Transferência Eletrônica Disponível).

Delegado da divisão antissequestro do Departamento de Operações Especiais de Polícia (Dope), Tarcio Severo reforçou em entrevista no meio do ano passado que a orientação é que os usuários de aplicativos de celular estabeleçam um limite não só para o Pix, mas para toda a conta bancária, principalmente em transações no período noturno. “O Pix está embutido dentro da conta. Mesmo que o ladrão veja que tem um limite nele, pode tentar por outras vias se o limite da conta for maior”, explica.

5. Usar a senha do banco no celular em outros aplicativos gera riscos?

A senha do aplicativo de banco deve ser exclusivamente usada para acessar os dados da instituição financeira, recomendam especialistas. Até para facilitar a memorização, alguns usuários costumam repetir a senha em outros aplicativos, mas isso pode facilitar a ação de criminosos, principalmente em casos em que o recurso de “lembrar/salvar senha” é utilizado em navegadores e sites.

Para além dos recursos de “lembrar/salvar senha”, outra prática frequente é a de anotar senhas em aplicativos do celular, como bloco de notas, para acessá-los sempre que houver esquecimento. Mas a prática também não é indicada. Se for necessário, matenha o registro em algum lugar de segurança em casa.

6. Como atender o celular quando estiver na rua?

Conforme mostrou o Estadão, a Bela Vista, bairro da região central da capital paulista, se tornou um epicentro de golpes envolvendo Pix. “Lá é uma região que chama atenção por causa desse tipo de crime”, aponta o delegado Anderson Honorato. Entre os motivos de haver uma quadrilha atuando na região, estão a proximidade com regiões nobres, como Jardins e Consolação, e o fato de a exposição dos celulares ser frequente por lá.

Roubos dessa quadrilha específica envolvem ações simples, como pegar o celular no carro ou da mão do usuário e evitar o bloqueio Foto: DANIEL TEIXEIRA/ ESTADÃO

“Na (Avenida) Paulista, tem o pessoal falando no celular, aí passa o cara de bicicleta, tem cara que se especializa em quebrar vidro de carro”, explica. O delegado dá algumas dicas para serem adotadas não só nessa região, mas também em outros locais:

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  • antes de tudo, é importante não deixar o aparelho exposto;
  • não falar ao celular em local desabrigado na rua, sobretudo quando estiver só;
  • caso seja necessário usar o celular, buscar entrar em algum comércio e se abrigar;
  • e, em geral, tomar uma postura mais defensiva quanto a possíveis riscos.

No caso de quem está de carro ou em ônibus, é recomendado não deixar o celular desguarnecido ou os vidros abaixados em locais movimentados. A forma mais efetiva de evitar as transferências criminosas é se precaver quanto ao roubo dos aparelhos.

7. Manter um celular reserva é uma boa alternativa?

À medida que os crimes envolvendo Pix avançaram, uma prática comum adotada por alguns usuários da ferramenta foi manter um celular reserva em casa, somente para gestão das contas de banco. Normalmente, não é necessário comprar um aparelho novo. A depender das circunstâncias, essa estratégia pode ser adotada mesmo com um aparelho mais velho, que não atende mais para uso contínuo, mas que é suficiente para acessar contas bancárias. Ou as contas podem ser acessadas apenas do computador, se o usuário preferir.

Desse modo, as vítimas em potencial ficam menos desguarnecidas quanto a possíveis roubos ao sair de casa, uma vez que não teriam os aplicativos de banco instalados nos celular principal. Ao mesmo tempo, o aparelho mantido em casa deve estar protegido quanto a possíveis invasões. Caso o usuário não tenha segurança para usar o Pix, inclusive, as dicas de especialistas é que ele não seja usado, evitando prejuízos por outros tipos de golpes. Em especial publicado no fim do ano passado, o Estadão mostrou que práticas criminosas se multiplicaram durante a pandemia. Com elas, evoluíram também as tecnologias para desbloqueio de senhas e para desvio de dinheiro para contas laranjas.

Honorato explica que, por mais que as técnicas para efetuar transferências por Pix depois que os celulares são roubados sejam diversas, algumas delas ainda são bastante rudimentares. Ou seja, em vez de softwares, utilizam-se apenas da chamada “engenharia social” para ludibriar as vítimas – que normalmente estão abaladas emocionalmente após os furtos e roubos.

Como exemplo, o delegado cita que o modus operandi de um suspeito seria tirar o chip do celular da vítima, colocar em um outro iPhone dele – que aí não seria necessário senha para desbloqueio – e mandar mensagem para a vítima, tentando enganá-la para clicar em algum link para desbloquear o iCloud. Partindo de situações como essa, uma dica importante seria evitar clicar em links suspeitos ou cuja origem parece incerta, o que permitiria às quadrilhas avançar nos crimes.

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