Censo 2022 aponta 37,8 mil centenários no País; veja onde há maior concentração

População com 100 ou mais anos aumentou; índice representa 0,02% da população brasileira, o dobro de 2010

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Atualização:

O Brasil tinha no ano passado 37,8 mil idosos centenários, cerca de 13 mil a mais do que o registrado em 2010. Os dados constam de estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Censo 2022 e divulgado nesta sexta-feira, 27.

Apesar da baixa representatividade no universo da população brasileira - o número representa 0,02% do total de 203 milhões de habitantes -, o aumento ajuda a exemplificar como a população brasileira está ficando mais velha, e em ritmo acelerado.

O aumento de centenários ajuda a exemplificar como a população brasileira está ficando mais velha, e em ritmo acelerado Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Quase metade desse contingente de centenários vive atualmente na região Nordeste, que tem dois dos cinco Estados do Brasil com a maior concentração da população com essa faixa etária. Ao todo, 16.317 pessoas com 100 ou mais anos de idade moram no Nordeste.

A Bahia lidera o ranking, e o Estado de São Paulo vem em segundo lugar. A Região Sul do País, que tem no Rio Grande do Sul o Estado com maior proporção de idosos do Brasil, reúne 3.502 centenários.

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Veja o número de centenários no País, por Estado, segundo o Censo de 2022

  • Bahia - 5.336;
  • São Paulo - 5.095;
  • Minas Gerais - 4.104;
  • Rio de Janeiro - 2.712;
  • Maranhão - 2.470;
  • Pernambuco - 2.141;
  • Ceará - 1.999;
  • Pará - 1.665;
  • Rio Grande do Sul - 1536;
  • Paraíba - 1.330;
  • Paraná - 1.299;
  • Rio Grande do Norte - 976;
  • Goiás - 903;
  • Alagoas - 820;
  • Amazonas - 731;
  • Piauí - 714;
  • Espírito Santo - 678;
  • Santa Catarina 667;
  • Sergipe - 531;
  • Mato Grosso - 492;
  • Mato Grosso do Sul - 468;
  • Tocantins - 322;
  • Distrito Federal - 300;
  • Amapá - 163;
  • Rondônia - 147;
  • Acre - 142;
  • Roraima - 73.

No censo anterior, realizado em 2010, a população com 100 anos ou mais era de 24.236 pessoas, que em termos porcentuais equivaliam à metade (0,01%) do que é hoje.

População do Brasil envelhece cada vez mais rápido

O estudo divulgado nesta sexta pelo IBGE mostra que a população brasileira está envelhecendo cada vez mais rapidamente. Segundo análise de dados colhidos no Censo 2022, o porcentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – uma alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total.

O levantamento também mostra que a idade mediana da população (número que separa a metade mais jovem da população da mais velha) aumentou seis anos desde 2010, chegando a 35 anos em 2022. O índice de envelhecimento também aumentou: são 55 idosos para cada grupo de 100 crianças. Em 2010, este índice era 30.

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Há discrepâncias consideráveis entre os diferentes Estados, sendo as mais evidentes encontradas no Rio Grande do Sul, que detém proporcionalmente a população mais idosa do Brasil, e de Roraima, que tem a mais jovem. Enquanto que o estado do Sul apresenta índice de envelhecimento de 80,4, o do Norte tem índice de 17,4, proporção quase cinco vezes menor.

Sistema de saúde do Brasil não está preparado para atender população envelhecida

Os números divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira comprovam uma projeção que estudiosos vêm fazendo há décadas, de que o Brasil passa por um processo de envelhecimento acelerado. Apesar disso, o sistema de saúde do País não se adaptou para essa realidade na mesma velocidade.

Há escassez de profissionais especializados e de leitos em instituições de longa permanência ou de reabilitação, além da falta de centros de assistência e de serviços domiciliares. E a ausência de políticas públicas que promovam a integração do idoso e incentivem conexões sociais têm impacto na saúde mental dessa população, que tem taxas crescentes de depressão e outros transtornos.

Um trabalho do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) publicado em abril mostrou que apenas 0,7% dos médicos que concluíram a residência em 2020 se especializaram em geriatria, índice que se manteve praticamente estável ao longo dos dez anos anteriores e que contrasta muito com os 9,5% dos que concluíram a especialização em pediatria, por exemplo. O Brasil tem hoje pouco mais de 2,6 mil geriatras, mas a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) estima que o déficit seja de 28 mil desses profissionais.

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