Anabolizantes e academia: CFM veda prescrição para fim estético e melhora de desempenho esportivo

Conselho diz que não há estudos comprovando benefícios para estes fins; efeitos colaterais vão desde problemas cardiovasculares até depressão e transtornos mentais, passando por doenças do fígado

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

RIO - A prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) para fins estéticos está proibida no País, de acordo com nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada nesta terça-feira, 11, no Diário Oficial. De acordo com a instituição não há comprovação científica suficiente para embasar o uso dessas substâncias para ganho de massa muscular e melhora do desempenho esportivo.

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A resolução de número 2.333/23 destaca a “inexistência de estudos clínicos randomizados de boa qualidade metodológica que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis acima dos fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres”.

“Nós estamos observando no Brasil um aumento exponencial da prescrição de esteroides androgênicos a anabolizantes para fins estéticos, de ganho de massa muscular e de melhoria de desempenho esportivo, inclusive entre mulheres”, afirmou o presidente do CFM, José Hiran Gallo.

“Discutimos essas questões no CFM há muito tempo. Ouvimos especialistas no assunto, que foram unânimes em afirmar que os benefícios da utilização dessas medicações para esses fins não superam os riscos. Não existe dose mínima segura, como alguns usuários alegam. Por isso, estamos proibindo essa prática.”

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A relatora da resolução, Annelise Menegusso, foi na mesma linha. “O uso indiscriminado de terapias hormonais com EAA, incluindo a gestrinona, com objetivos estéticos ou para o ganho de desempenho esportivo, é hoje uma preocupação crescente na medicina e para a saúde pública, uma vez que, de acordo com as mais recentes evidências científicas, não existem benefícios notórios que justifiquem o aumento exponencial do risco de danos possivelmente permanentes ao corpo humano”, afirmou ela.

A resolução destaca a “inexistência de estudos clínicos randomizados de boa qualidade metodológica que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica" Foto: Danielle Cerullo/Unsplash.com

Riscos

Dentre os efeitos adversos possíveis do uso sem prescrição estão os cardiovasculares, incluindo hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica e infarto agudo do miocárdio, aterosclerose, estado de hipercoagulabilidade, aumento da trombogênese e vasoespasmo; doenças hepáticas, transtornos mentais e de comportamento, incluindo depressão; além de distúrbios endócrinos como infertilidade, disfunção erétil e redução da libido.

A prescrição médica de terapias hormonais é indicada em casos de deficiência específica comprovada, como nos casos do tratamento de doenças como hipogonadismo (deficiência na produção de testosterona), puberdade tardia, micropênis neonatal e caquexia (perda de massa muscular por motivo de doença). Também pode ser indicada na terapia hormonal cruzada em transgêneros e em mulheres com diagnóstico de desejo sexual hipoativo.

“Agora, nada muda em relação às indicações que já existem na literatura médica e têm respaldo científico”, afirmou José Hiran Gallo. “Nesses casos, entendemos que os benefícios compensam os riscos do uso.”

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A nova resolução do CFM foi corroborada pelas Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Urologia, Sociedade Brasileira de Dermatologia, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, além da Federação Brasileira de Gastroenterologia e da Associação de Ginecologia e Obstetrícia, que emitiram nota conjunta de apoio.

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