Chacina em sinuca: Bar funcionava há 10 anos e reunia aficionados; conheça história das vítimas

Dono do estabelecimento, pai e filha e frequentadores que assistiam às partidas foram assassinados por dupla em bar de Sinop; um suspeito foi morto e outro foi preso

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Por Fátima Lessa
Atualização:

CUIABÁ - O local da chacina que deixou sete pessoas mortas em Sinop, Mato Grosso, nesta semana, foi reformulado e inaugurado há dez anos para se transformar no Bruno Snooker Bar. O estabelecimento funciona no bairro Residencial e é considerado um ponto de encontro dos amantes da sinuca, além de curiosos que vão ao bar acompanhar as partidas.

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Era costume da família de Getúlio Rodrigues Frasão, de 36 anos, ir ao bar. No momento do ataque, ele estava acompanhado da filha, Larissa Frasão de Almeida, de 12 anos, e da mulher, Raquel Gomes de Almeida. O amigo da família, Luís Carlos, os acompanhava. Foi Getúlio quem enfrentou os atiradores em partidas de sinuca no dia da chacina. Chateados com as derrotas, a dupla voltou ao local armada e matou pai e filha, o dono do bar e outros frequentadores.

Larissa, a vítima mais jovem, costumava ir a Sinop passar férias. Neste ano, no entanto, pediu para ficar morando com o pai na cidade. Pai e filha eram do município de Governador Nunes Freire, a cerca de 230 km de São Luís, no Maranhão.

Dupla mata sete pessoas em bar de Sinop, em Mato Grosso, após perder partidas de sinuca. Foto: Reprodução/Imagens de câmera de segurança

Segundo parentes, os corpos serão transportados para o município maranhense para o sepultamento. Raquel Gomes de Almeida, segundo o delegado Bráulio Junqueira, “não morreu por sorte”.

O dono do Snooker Bar, Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, segundo a ser assassinado, era conhecido por ser um exímio jogador de sinuca. “Ele era apaixonado por sinuca”, contou a prima Fabiana da Silva Souza, à reportagem do Estadão. Ele era maranhense de Bacabal. Antes de ir a Mato Grosso, para onde se mudou quando tinha 17 anos, morou no município de Pio XII, onde ajudava a mãe na roça.

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No início, trabalhou em madeireiras e em frigoríficos. “Foi com o acerto (verbas rescisórias) do frigorífico que ele decidiu investir no bar”, disse a sobrinha.

“Ele jogava sinuca desde criança. Era apaixonado por Sinop e falava com muito orgulho da cidade”, contou ela, acrescentando que “era uma pessoa muito alegre e não se envolvia em confusão”.

Bruno organizava torneios de sinuca em Sinop e em Alta Floresta, e era um flamenguista apaixonado. O sepultamento aconteceu na manhã desta quinta-feira, 23, em Sinop. Do Maranhão, veio a mãe e um irmão. Ele deixa a mulher e dois filhos, um de 10 e outro de 14 anos.

Vítima assistia à partida de sinuca quando foi atacado

Josué Ramos Tenório, comerciante no segmento de distribuidoras de alimentos, vendia frutas junto com a família. Ele morava em Rondonópolis e parou no Bruno Snooker Bar para assistir à partida de sinuca. Segundo parentes, ele sempre ia ao bar e gostava de acompanhar o pessoal jogando. “Ele nem estava jogando, estava assistindo. Nossa família está arrasada, todos sem entender”, disse o filho, Cicero Dias, à imprensa local. Ele deixa a esposa e quatro filhos e será sepultado em Rondonópolis.

Elizeu Santos da Silva, também conhecido por Cabecinha, foi o único que não morreu no local. Ele foi baleado e levado com vida para o hospital regional e passou por cirurgia, mas não resistiu. Morando há cerca de nove meses em Sinop, trabalhava com um amigo no comércio de morango. Ele era de São João do Ivaí, norte do Paraná.

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Na terça-feira, ele parou no local para acompanhar os jogos de sinuca e de carteado. Antes de se mudar para Sinop, segundo parentes, Silva morou por mais de duas décadas em Maringá, “onde teve uma lanchonete que virou ponto de encontros dos adeptos e jogadores de sinuca”, contou a sobrinha dele à rádio CBN, Ana Cláudia.

A cunhada, Dirce Aparecida da Silva, contou que “ele gostava de jogar, mas nunca se metia em confusão”. “Ele estava no lugar errado na hora errada”, declarou a um jornal de Londrina. A família conseguiu arrecadar dinheiro para transportar o corpo, que será enterrado no túmulo da família no Cemitério Municipal de São João do Ivaí.

Orisberto Pereira Souza era funcionário do bar. O corpo dele e o de Adriano Balbinote foram enterrados na quarta-feira.

Um atirador foi morto em confronto e outro foi preso pela polícia

Sete pessoas, dentre elas uma adolescente de 12 anos, foram assassinadas em Mato Grosso por dois homens que não aceitaram perder em jogo de Sinuca. Seis pessoas morreram no local e a sétima vítima, no hospital.

Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27, foram apontados como autores da chacina. Ezequias foi morto em confronto com a polícia e Edgar foi preso nesta quinta-feira, 23.

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