Texto atualizado às 20h08.
RIO DE JANEIRO - A Polícia Civil acredita que a chacina dos seis jovens em Mesquita, na Baixada Fluminense, foi cometida como uma "demonstração de força" de traficantes que atuam na Favela da Chatuba, próxima ao Parque de Gericinó. Os corpos de seis adolescentes foram encontrados na manhã desta segunda-feira, 10, num canteiro de obras da duplicação da Rodovia Presidente Dutra.
Os jovens não tinham envolvimento com o tráfico de drogas e estavam desaparecidos desde sábado, quando saíram de casa para tomar um banho de cachoeira no parque. Para a delegada Sandra Ornelas, da Delegacia de Nilópolis, os jovens estavam "no lugar errado na hora errada". "Eles não têm passagens pela polícia. Foi uma demonstração de poder dos traficantes para demarcar território", disse a delegada, que classificou o crime como uma "barbárie injustificável".
Amigos de infância e moradores de Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, os adolescentes costumavam ir ao parque nos fins de semana. No sábado, com a demora dos rapazes, o pai de um deles tentou fazer contato pelo celular. O telefone foi atendido por um homem que disse estar "cumprindo uma missão". Em outra ligação, o criminoso disse que ele "deveria fazer outros filhos", porque "aquele já era".
O desaparecimento dos seis jovens - Christian Vieira, de 19 anos; Victor Hugo Costa, Douglas Ribeiro e Glauber Siqueira, de 17; e Josias Searles e Patrick Machado, de 16 - foi registrado na 57.ª Delegacia de Polícia (Nilópolis). Na manhã desta segunda, os corpos foram encontrados por operários que trabalham na duplicação da Dutra. Os jovens foram colocados lado a lado. Estavam nus, amarrados e amordaçados, enrolados em lençóis. Os corpos têm marcas de facadas e tiros.
Operação. Nesta segunda, policiais militares do Batalhão de Choque (BPChoque) prenderam dois homens com drogas, na operação realizada no Parque de Gericinó para tentar encontrar os assassinos dos adolescentes e checar a informação de que haveria outros corpos no local. Os presos foram Romário Aguiar Vieira, de 18 anos, e Henrique José de Oliveira, de 32 anos. Não foi confirmada a participação da dupla nos assassinatos.
Outros assassinatos. Na mesma região em que os jovens foram mortos, outras duas pessoas foram assassinadas no fim de semana. Com marcas de tortura, o corpo do cadete da PM Jorge Augusto de Souza Alves Júnior, de 34 anos, foi encontrado no porta-malas do seu Fox, na manhã de sábado. Ele foi morto a tiros.
O cadete havia participado de um baile no Clube Lisboa e foi levar uma moça em casa, na Favela da Chatuba. A polícia acredita que ele tenha sido identificado como policial - a farda estava no carro.
O pastor evangélico Alexandro Lima, de 37 anos, também foi morto na mesma manhã. Ele estaria fazendo uma caminhada, quando foi atacado. A polícia trabalha com a hipótese de o pastor ter testemunhado as agressões ao cadete.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.