Chacina em Vila Isabel, no Rio: qual é a principal suspeita da polícia

Grupo que trocou Terceiro Comando Puro por Comando Vermelho teria sido responsável pelo crime; alvo era líder do tráfico no morro dos Macacos, que estava na praça

PUBLICIDADE

Atualização:

A chacina que deixou cinco mortos em uma praça de Vila Isabel, zona norte do Rio, na madrugada de segunda-feira, 19, é mais um capítulo da disputa entre duas facções rivais, na avaliação da Polícia Civil do Rio. Segundo os policiais, o alvo era Pedro Henrique Barbosa da Conceição, conhecido como Marreco ou V7, de 18 anos, um dos chefes do tráfico no Morro dos Macacos, comunidade a pouco mais de um quilômetro do local do crime.

PUBLICIDADE

Lá, o tráfico é dominado pela facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). Barbosa foi um dos mortos na chacina. Vizinhos ao Morro dos Macacos ficam os morros São João e da Mangueira, onde o tráfico é dominado pelo Comando Vermelho (CV).

Os confrontos entre as duas facções são antigos, mas a situação se agravou a partir de janeiro, quando ocorreram deserções. Descontentes com o salário pago pelo TCP, cujo líder no morro dos Macacos é o traficante Leandro Nunes Botelho, o Scooby Doo, um grupo de ao menos sete criminosos aderiu ao Comando Vermelho e se distribuiu entre o morro São João e o da Mangueira.

Cinco desses traficantes foram identificados pela polícia: Brando Endresson de Oliveira Lins, o Dadal, Welerson Gonçalves de Jesus, o Cara Fina, Pedro Paulo Lucas Adriano do Nascimento, o Titauro, Tallison Ferreira de Souza, o Cuca, e um quinto conhecido como Jilozinho.

Praça Barão de Drummond, em Vila Isabel: quatro mortos durante ataque de criminosos Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo a polícia, na noite de domingo uma mulher viu Barbosa na praça Barão de Drummond e avisou os criminosos que mudaram de facção. Alguns deles saíram da Mangueira e foram ao local para matar o agora rival.

Publicidade

O crime ocorreu por volta de 0h15, minutos após o fim de uma apresentação musical. Por isso, muita gente ainda estava na praça.

Além de Barbosa, morreram na hora ou logo depois Gabriel Pereira Candido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18, e Thailon Martins Lucas, de 17. Outras três pessoas ficaram feridas e foram levadas ao Hospital Federal do Andaraí, também na zona norte. Wallace de Oliveira Cláudio, de 33 anos, morreu nesta segunda-feira, 19. Outro ferido teve alta nesta segunda-feira e o terceiro segue internado.

Na tarde desta segunda-feira, um homem foi preso quando passava por estabelecimentos comerciais da região onde o crime ocorreu ordenando o fechamento deles. Policiais militares do 6º Batalhão flagraram o rapaz no Boulevard 28 de Setembro e o conduziram à 20ª DP (Tijuca), onde foi indiciado por associação ao tráfico de drogas.

Também na tarde desta segunda, o governador Cláudio Castro (PL) se manifestou sobre a chacina: “Nossas forças de segurança estão nas ruas para identificar e prender os bandidos que abriram fogo em uma praça em Vila Isabel. Nossa inteligência já sabe que o crime ocorreu por causa da disputa entre facções criminosas rivais. Um dos chefes do tráfico do Morro dos Macacos está entre os mortos. É a máfia mais uma vez querendo espalhar terror, mas não daremos trégua para bandidos”, escreveu nas redes sociais.

Outro crime praticado no Morro dos Macacos no início deste mês, que deixou dois mortos, também é atribuído à disputa entre as duas facções. Na noite de 4 de agosto, domingo, criminosos em um carro e uma moto dispararam mais de 20 tiros em direção a convidados de uma festa na Rua Piabanha.

Publicidade

Duas pessoas morreram: o estudante Guilherme Souza de Assis, de 13 anos, que passava pelo local a pé com a mãe (que também foi baleada, mas sobreviveu), e o entregador Luiz Gabriel Costa de Jesus, de 20 anos, que voltava para casa de bicicleta. Ele deixou uma filha de 7 meses. Nenhum deles era o alvo dos criminosos, segundo a polícia. O adolescente era primo de Wallace de Oliveira Cláudio, morto na chacina deste domingo por outra bala perdida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.