Chef premiado produz papinha para bebês desabrigados em Porto Alegre

Crianças pequenas podem ter dificuldade para comer alimentos sólidos; ingredientes orgânicos são comprados de pequenos agricultores locais

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Por Leonardo Zvarick
Atualização:

O chef gaúcho Marcelo Schambeck, dono de um dos mais premiados restaurantes de Porto Alegre, está produzindo, há cerca de uma semana, marmitas com papinha para bebês acolhidos em abrigos no Rio Grande do Sul. A demanda, segundo o cozinheiro, surgiu de uma rede de apoio à população afetada pelas enchentes que assolam o estado. A tragédia climática deixou mais de 70 mil pessoas sem teto.

“Uma amiga que acompanha a situação dos abrigos relatou que muitos bebês estavam se alimentando somente de arroz e água, sem nenhuma comida nutritiva. Essas crianças pequenas não conseguem comer direito as marmitas que estão distribuindo, voltadas para os adultos”, conta o cozinheiro de 36 anos, que começou o trabalho voluntário na última sexta-feira, 10.

Papinhas produzidas no restaurante Capincho são distribuídas para bebês em abrigos de Porto Alegre Foto: Arquivo pessoal/Marcelo Schambeck

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Por dia, ele e a esposa produzem 150 marmitas na cozinha do restaurante Capincho, na capital gaúcha. A papinha é preparada pela manhã e depois distribuída aos abrigos com maior demanda. Entre os destinos prioritários estão os locais voltados a mulheres e crianças.

Segundo Schambeck, os ingredientes utilizados são todos orgânicos. “Usamos moranga, mandioquinha, abobrinha, batata e outros legumes. Também colocamos feijão ou lentilha e alguma proteína ou caldo”, conta ele.

Os alimentos são comprados de pequenos produtores rurais da região, que foram duramente impactados pelos temporais. “A gente já estava se movimentando para ajudar esses produtores, mais de 40 famílias que participam de feiras de agricultura orgânica foram afetadas. Em paralelo surgiu essa demanda pelas papinhas e juntamos as duas ações”, disse Schambeck, que também lançou uma campanha de arrecadação para comprar novos equipamentos para esses agricultores.

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O Rio Grande do Sul vive a maior tragédia climática de sua história, atingido por fortes temporais desde o último dia 29. Segundo a Defesa Civil estadual, 460 dos 497 municípios gaúchos foram impactados. Em consequência das chuvas, 151 pessoas morreram e 104 seguem desaparecidas.

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