Imagine uma mudança tão radical que poderia forçar o planeta a girar de lado após alguns milhões de anos, de forma que a Antártida fosse parar no equador. Cientistas de Princeton encontraram a primeira evidência forte de que essa mudança pode ter ocorrido no passado distante da Terra. Analisando a composição magnética de sedimentos encontrados no arquipélago de Svalbard, na Noruega, o pesquisador Adam Maloof reforçou a credibilidade a uma teoria de 140 anos, sobre o modo como a Terra poderia restaurar seu equilíbrio se houvesse uma distribuição desigual de peso no interior ou na superfície do planeta. A teoria, conhecida como verdadeira migração polar, postula que, se um objeto suficientemente pesado - como um vulcão gigantesco - se formar longe do equador, a força da rotação do planeta puxará, gradualmente, o objeto para longe do eixo de rotação da Terra. Se vulcões, continentes e outras massas que existem na Terra assumirem uma configuração suficientemente fora do equilíbrio, o planeta se inclinará e girará até que o peso extra chegue ao equador. "Os sedimentos que encontramos na Noruega são a primeira evidência sólida de que uma migração polar verdadeira ocorreu há cerca de 800 milhões de anos", disse Maloof. "Se conseguirmos corroboração em outras partes do mundo, teremos uma boa idéia de que o globo é capaz desse tipo de mudança dramática". "Cientistas planetários falam em migração polar em outros mundos, como Marte, onde uma enorme acumulação de rocha vulcânica chamada Tharsis encontra-se no equador", disse Maloof. "Mas, como a superfície da Terra muda constantemente... é mais difícil encontrar evidência do nosso planeta se contorcendo há centenas de milhões de anos". Os sedimentos encontrados na Noruega são importantes porque mostram um campo magnético que não está alinhado com o magnetismo atual da Terra, o que sugere que as rochas foram giradas por um evento catastrófico.
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