Cientistas fazem crescer dentes em galinha

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Por Agencia Estado
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Cientistas descobriram um dos achados mais raros: uma galinha com dentes. Mais precisamente, dentes de crocodilo. Ao contrário do ditado popular "tão raro quanto uma galinha com dentes", os pesquisadores das Universidades de Manchester e Wisconsin disseram ter encontrado uma mutação que ocorreu naturalmente em uma galinha chamada Talpid, que possui uma arcada dentária completa. A equipe também conseguiu induzir o crescimento de dentes em aves normais, ativando genes que estavam dormentes há cerca de 80 milhões de anos. Um dos cientistas, o professor Mark Ferguson, da Universidade de Manchester, afirma que a pesquisa, publicada na edição de Current Biology desta semana, tem grandes implicações na compreensão do processo da evolução. Também teria aplicações na regeneração de tecidos, incluindo a reposição de dentes perdidos em humanos. "A ave mutante tem defeitos graves, e morre antes de sair do ovo", disse o cientista. "Ela foi descoberta há 50 anos, mas ninguém havia examinado sua boca. O que descobrimos foram dentes parecidos com aqueles dos crocodilos, o que não é uma surpresa, já que as aves são os parentes vivos mais próximos dos répteis", explica Ferguson A descoberta levou a equipe a questionar se galinhas saudáveis ainda mantêm os caminhos genéticos para que os dentes cresçam novamente. "Descobrimos que podemos induzir o crescimento de dentes em aves normais ao fazer mudanças na expressão de moléculas particulares", afirma o professor. O cientista afirma que todos os caminhos para o crescimento dos dentes estão preservados, o que ajuda a compreender como as mudanças evolucionárias poder ser revertidas com sutis alterações na biologia. Contudo, a pesquisa tem implicações mais intensas no processo de regeneração do tecidos. O princípio da ativação de caminhos dormentes específicos para estimular a regeneração torna possíveis aplicações cirúrgicas e em doenças humanas. De fato, em virtude das descobertas anteriores de regeneração em tecidos de embriões, o Professor Mark Ferguson e a cientista Sharon O´Kane fundaram a Renovo, uma empresa da Universidade de Manchester, que está desenvolvendo novos medicamentos para a prevenção e redução de cicatrizes. A empresa emprega cerca de cem funcionários e é a líder em pesquisa e desenvolvimentos de medicamentos com esse propósito.

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