Com aval de Maia, CPI do BNDES rejeita convocação de Guedes

Presidente da comissão diz que não há relação do ministro com os fatos apurados; economista é alvo de investigação

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Brasília - Com aval do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga operações feitas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) blindaram o ministro da Economia, Paulo Guedes, e têm ignorado pedidos relacionados ao ministro, incluindo sua convocação.

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A oposição quer apurar suspeitas de irregularidades envolvendo investimentos em fundos controlados por Guedes quando ele ainda não era ministro. Guedes é alvo de investigação aberta no ano passado – na Operação Greenfield – sobre supostas fraudes na captação de recursos de fundos de pensão.

Segundo o deputado Paulo Ramos (PDT-RJ), a suspeita é de que parte dos valores que alimentaram os fundos de forma irregular teria como origem o banco de fomento. “Não há como investigar o BNDES sem explicar se o ministro da Economia usou do banco para lucrar de maneira indevida”, afirmou. O Estado apurou que Maia foi consultado sobre o pedido de convocação de Guedes, mas o presidente da Câmara sugeriu que não era o momento para avançar com o requerimento.

“Não podemos fazer da CPI um palco político. Não há tempo hábil para ouvir o ministro e ele não tem relações com os fatos que estão sendo apurados”, afirmou o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), que comanda o colegiado.

Maia e Guedes se aproximaram durante a votação da reforma da Previdência. O presidente da Câmara foi um dos principais fiadores da proposta, que é considerada a principal bandeira do governo de Jair Bolsonaro na área econômica. Os dois, agora, têm se reunido em busca de um consenso para aprovar a reforma tributária.

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Na terça-feira, 27, em audiência da CPI, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse desconhecer o envolvimento do ministro da Economia com supostos investimentos em fundos de pensão de estatais e recursos do banco oficial de fomento.

Montezano afirmou que só conhecia o assunto pela imprensa, mas disse que está aberto a apurações. Segundo ele, a ideia é “transformar a missão de abertura da caixa-preta (do BNDES) em uma cultura de transparência”. “Toda e qualquer informação que julgar necessária, seja relativa a jatinhos, investimentos em educação ou a qualquer outro setor da economia, o banco vai ter toda a vontade e disponibilidade de prover”, afirmou.

Os advogados de Guedes afirmaram ontem, em nota, que os fundos administrados pela gestora da qual o ministro foi sócio “cumpriram rigorosamente as obrigações impostas pelos órgãos reguladores”. A defesa acrescentou que, ao assumir o cargo no governo, Guedes teve aval da Comissão de Ética da Presidência da República. 

Cronograma.

Os trabalhos da CPI do BNDES estão previstos para ocorrer até 22 de setembro. De acordo com Macris, o relatório final deve ser apresentado até o dia 3. “Nós daremos resultado. Temos uma CPI que vai buscar CPF, vai buscar nomes para poder apontar responsabilidades”, afirmou Macris.

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