Com scanner corporal, câmeras e acesso biométrico, plano de segurança para aeroportos prevê R$ 40 mi

Cumbica terá ainda identificação com chave de acesso individualizada ao sistema de bagagens e restrição ao uso de celulares em locais estratégicos

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Atualização:

Três meses e meio após duas mulheres goianas terem as malas trocadas dentro do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, e por isso serem presas com drogas na Alemanha, onde passaram mais de um mês detidas até que fosse comprovado que elas eram vítimas e não comparsas dos traficantes, o governo federal lançou nesta quarta-feira, 21, o programa “Aeroportos+Seguros”, que prevê investimento de R$ 40 milhões para aumentar a segurança no aeroporto de Guarulhos, que é o de maior número de voos nacionais e internacionais no Brasil. Em fase posterior, outros aeroportos com grande número de voos internacionais também serão atendidos.

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Nesta primeira etapa haverá aumento do número de câmeras de segurança, identificação com chave de acesso individualizada aos sistema de bagagens no Terminal 3 (internacional), restrição ao acesso a celulares e tablets em locais estratégicos, entrada centralizada ao terminal de cargas e acesso biométrico de funcionários às áreas restritas, novos equipamentos de Raio-X, entre outras medidas. No prazo de até 18 meses, o aeroporto de Cumbica deve receber um sistema de detecção automatizada de explosivos e melhorias no sistema de transporte de bagagem.

Também está prevista, na segunda fase de implantação do programa, três novos scanners corporais, equipamento de inspeção que permite observar o que a pessoa carrega tanto por baixo das roupas como dentro do corpo.

Os ministros dos Portos e Aeroportos, Márcio França, e da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, durante lançamento do programa "Aeroportos+Seguros" Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O scanner corporal teve seu uso intensificado no Brasil nos grandes eventos (Copa das Confederações, Copa Mundial e Olimpíada) e passou a ser instalado também em presídios. “O body scanner não será agora nesse primeiro investimento de seis meses, mas está previsto no plano e a gente faz na sequência”, disse Juliano Noman, secretário nacional de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos. O programa foi lançado em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Agência Nacional de Aviação (Anac), Polícia Federal e Receita Federal.

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O programa prevê que os investimentos em segurança feitos pelas concessionárias dos aeroportos sejam deduzidos das outorgas devidas ao Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC). Segundo o Ministério dos Portos e Aeroportos, uma vez justificada a atualização dos equipamentos no âmbito do programa, as concessionárias participantes poderão pleitear à Anac a recomposição dos desembolsos devidamente comprovados.

O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, afirmou que, além de coibir a prática de crimes como o tráfico de drogas, a iniciativa vai proporcionar maior sensação de segurança para passageiros e funcionários dos aeroportos. “Aprimorar a segurança nos aeroportos é nosso dever. Somos corresponsáveis, junto com as concessionárias e companhias aéreas, pela segurança das pessoas e dos bens que elas levam nos deslocamentos aeroportuários”.

Tráfico de drogas

O aeroporto de Cumbica é usado por traficantes de drogas, principalmente integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), para escoar entorpecentes para a Europa e a África, como mostrou o Estadão em maio.

A forma mais comum é usar “mulas”, como são chamadas pessoas que transportam a droga na bagagem ou no próprio corpo. Mas, nesses casos, a quantidade de entorpecente transportada é pequena. Para aumentar esse volume, as quadrilhas começaram a cooptar funcionários do aeroporto, que usam várias táticas: desde a troca de bagagens, como no caso das duas goianas presas injustamente na Alemanha, até esconder cocaína entre cobertores distribuídos pelas companhias aéreas.

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Dados da Polícia Federal apontam que o maior aeroporto do País teve 343 prisões por tráfico em 2022, o número mais alto em dez anos. Já a quantidade de drogas apreendidas chegou ao segundo maior patamar do período (2.910,7 kg). E não há indícios de desaceleração: de janeiro a abril deste ano, uma tonelada de entorpecentes foi interceptada pela PF – 9% a mais do que no mesmo período do ano passado.

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