PUBLICIDADE

Como empreendedores negros podem prosperar na comunicação? Professora americana responde no Rio

Docente da Universidade de Columbia proferiu palestra na UFRJ a convite da Rede JP, organização que promove a diversidade racial no jornalismo

PUBLICIDADE

Foto do author Pedro Lima
Atualização:

Promovendo a representatividade, inclusão e empreendedorismo negro, principalmente nas mídias, a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP) convidou a professora americana Sara M. Lomax para uma palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nesta sexta-feira, 28.

A docente da Universidade de Columbia lidera a estação de rádio WURD na Pensilvânia, a única estação de rádio sob o comando de uma proprietária negra no estado americano. Além disso, ela é cofundadora e presidente de uma rede de organizações de mídia lideradas por pessoas negras e pardas, a URL Media.

Sara M. Lomax, professora da Universidade de Columbia e proprietária da WURD Radio virá ao Brasil para aula na UFRJ. Foto: Sara Lomax-Reese/Divulgação

PUBLICIDADE

O encontro mostrou a necessidade de criação de uma cultura de investimento e de busca de sustentabilidade financeira dos veículos de comunicação liderados por pretos e pretas no Brasil.

“Foi possível compreender as principais fontes de receita e entender o quanto precisamos avançar em uma cultura de investimento, de sustentabilidade em comunicação. É preciso uma postura de filantropia e de investimentos públicos e privados”, afirma Marcelle Chagas, coordenadora geral da Rede JP.

A aula faz parte do curso “Diversidade, Inclusão e Novos Formatos no Jornalismo Pós-Digital”, oferecido a partir de uma parceria entre a UFRJ e a Rede JP. O objetivo é capacitar profissionais para compreender a dinâmica de negócios midiáticos, habilitando-os a criar novas fontes de receita por meio desses empreendimentos.

A professora Sara M. Lomax, da Universidade de Columbia, profere palestra sobre empreendedorismo na UFRJ Foto: Marcelle Chagas/Rede JP

Foram abordadas estratégias das organizações para fomentar a diversidade e assegurar a viabilidade de suas ações, com um olhar detalhado sobre os projetos liderados por Sara, como a URL Media e a WURD Radio. Essa análise mostra a importância de amplificar as vozes de “maiorias minorizadas”, destacando a inclusão como parte essencial para a construção de um jornalismo mais representativo.

Na opinião dos participantes foi possível identificar similaridades e desafios entre as realidades brasileira e americana. E como superá-los. “Ela nos deu esperança, perspectiva e caminhos. Não adianta ficar de braços cruzados. Uma das principais mensagens é explorar possibilidades de negócio”, diz Marcelle.

Publicidade

Rede JP promove inclusão no jornalismo brasileiro

A Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação surgiu em 2018, em um contexto de mudanças na sociedade e na postura em relação aos jornalistas, especialmente aqueles que pertencem a grupos minoritários. A organização busca fortalecer e empoderar esses jornalistas, além de promover discussões sobre o papel da comunicação no Brasil.

A organização se estrutura em quatro pilares: educação, protagonismo, advocacy e empregabilidade. No primeiro, a Rede JP oferece cursos e formações tanto para jornalistas quanto para a sociedade em geral, com o objetivo de democratizar a informação e a comunicação.

No espectro do protagonismo, a ideia é dar visibilidade a professores, pesquisadores e outros profissionais de grupos minoritários, promovendo eventos e prêmios de reconhecimento ao trabalho dessas pessoas.

Da esquerda para a direita: Marcelle Chagas/RJ (Coordenadora Geral da Rede de Jornalistas Pretos), Sandra Roza/MG (Coordenadora Institucional da Rede), Maria Eduarda Abreu/BA (Coordenadora de Comunicação), Eliane Almeida/ SP (Coordenadora de Projetos Educacionais) e Luiz Cláudio Alves/ SP (Coordenador de Comunidades). Foto: Fábio Risnic

O pilar de advocacy, segundo a coordenadora da Rede, é o mais importante e o mais recente entre os quatro. Essa área é responsável pela criação de um ambiente mais plural e comunicativo na mídia. Para ela, o Brasil não possui políticas públicas voltadas à comunicação, por exemplo.

PUBLICIDADE

“A gente não tem centros de inovação em jornalismo com incentivo do governo. Fica à mercê de empresas particulares que querem incentivar. Com isso, o jornalismo se torna muito dependente de indústrias e fica menos imparcial”, argumenta.

O último pilar, o de empregabilidade, visa facilitar o acesso de pessoas de grupos minoritários e marginalizados a oportunidades de emprego dentro do mercado da comunicação. Sobre a presença de pessoas não-brancas em posições de liderança, Marcelle avalia que ainda não houve uma ruptura total. “As empresas estão predispostas, mas ainda não houve essa ruptura de levantar do lugar e falar: ‘senta na cadeira’. Mas eles falam que estão dando lugar, mas na verdade dão só um espacinho”.

A Rede JP também busca envolver os jovens na discussão sobre a responsabilidade e a qualidade da informação, reconhecendo a importância da participação das novas gerações na construção de um futuro mais justo e democrático para o jornalismo.

Publicidade

“Envolvê-los nessa discussão da responsabilidade é muito importante para a gente também. Trazemos essa relevância para eles também, para que entendam que tudo o que permeia esse circuito de comunicação, inclusive o que eles fazem no TikTok, pode ser jornalismo também”, conclui Marcelle.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP), que promove a diversidade racial na comunicação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.