Como minimizar danos gerados pelos deslocamentos urbanos

Andrea Santos, pesquisadora de mudanças climáticas e professora da UFRJ, defende fim do foco em combustíveis fósseis

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Por Redação

Os meios de transportes geram quase um quarto de todas as emissões de gases do efeito estufa, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Para mudar esse cenário, é preciso que o setor não dependa mais de combustíveis fósseis. Além da eletrificação das frotas, um futuro sustentável inclui o incentivo ao uso de modais ativos e a priorização do transporte coletivo. 

Esses foram alguns temas abordados por Andrea Santos, pesquisadora do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e uma das participantes do debate sobre alternativas para zerar as emissões no transporte, durante o Summit Mobilidade. Confira, a seguir, os principais pontos analisados pela especialista, também professora do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Poluição na capital da Índia escurece o céu e deixa névoa de sujeira pairando sobre a cidade. Foto: Manish Swarup/AP

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Cúpula do Clima

“Na COP-26 (Cúpula do Clima das Nações Unidas, em 2021), houve sinalização importante sobre zerar emissões nos transportes. Todas as partes interessadas se comprometeram a atingir 100% de emissões zero em 2040. É a race to zero. O maior obstáculo tem sido traduzir essas conversas e promessas para a ação. Precisamos colocar em prática ações que realmente contribuam para um processo de transporte de baixo e zero carbono.”

Desafios para cortar emissões

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“Alguns pontos-chave são o financiamento; a regulação e a regulamentação; políticas e incentivos governamentais; e a questão tecnológica. Nesse último tópico, é preciso criar capacidades para não ficar para trás no desenvolvimento e na capacitação técnica. Olhando para o global e o local, percebemos que as cidades estão se movimentando no sentido de atrair recursos. Um exemplo: no âmbito da UFRJ, vamos ter um ônibus movido a hidrogênio e um híbrido elétrico, que estarão circulando numa cidade do Rio. O grande desafio é escalar os pequenos projetos, os projetos-piloto, para que essas tecnologias estejam disponíveis para as cidades.”

Motor a combustão

“Temos de banir o veículo individual motorizado. O motor a combustão está fadado ao fracasso, no sentido de sair do mercado. Já há sinalizações de várias empresas e montadoras de que, a partir de determinado ano, não irão mais vender veículos a combustão. Mas teremos ainda de lidar com a curva de sucateamento – porque o veículo motorizado que sai das grandes cidades acaba migrando para regiões periféricas, cidades menores, para o interior. Ele não sai de circulação.”

Além da eletrificação

“O rodoviário é responsável pela maior parcela de emissões no transporte, por isso, a gente tem de ‘atacar’ o transporte público. É fundamental eletrificar. Mas a gente não pode só falar em eletrificação para a corrida ao zero carbono. Temos outras corridas. O hidrogênio verde está sendo colocado como principal objetivo na União Europeia. O Brasil tem um potencial enorme de ser um grande produtor de hidrogênio verde. A gente percebe também novos combustíveis líquidos com zero emissão para aviação e para embarcações.”

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Transporte ativo

“Na busca por zerar emissões, precisamos falar de transporte ativo, de nova infraestrutura de baixo carbono, de interconectividade, de intermobilidade. Precisamos pensar em mobilidade como um serviço a ser oferecido. São muitos os caminhos. O momento é difícil, mas as sinalizações são positivas. A grande pergunta, no entanto, é o quão rápido, como acelerar para cumprir as metas e promover a transição para zero carbono em 2050.”