A nova temporada brasileira de cruzeiros começa no fim do mês com a expectativa de transportar 800 mil passageiros, o maior público dos últimos dez anos. Na temporada passada, os navios levaram 700 mil turistas, segundo dados do Ministério do Turismo.
A abertura acontece no próximo dia 29, com a chegada do navio MSC Preziosa, em Santos, no litoral de São Paulo. Será a primeira das 151 escalas de 14 grandes navios no terminal marítimo santista até maio de 2024.
No dia 30, a mesma embarcação aporta em Ilhabela, no litoral norte paulista. Até abril de 2024, o arquipélago recebe 70 visitas de embarcações com cerca de 250 mil turistas, segundo a prefeitura. As duas cidades paulistas incluídas nos 203 roteiros previstos, com 728 escalas de navios, preparam programas especiais para receber os turistas de bordo.
Os cruzeiros vão partir dos portos de Santos, Itajaí (SC), Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Paranaguá (PR). O porto paranaense entra pela primeira vez no roteiro dos cruzeiros: o MSC Lirica sairá de Paranaguá no dia 1º de dezembro.
Entre os 19 destinos nacionais e internacionais, estão ainda Angra dos Reis (RJ), Balneário Camboriú (SC), Búzios (RJ), Cabo Frio (RJ), Fortaleza (CE), Ilha Grande (RJ), Ilhabela (SP), Ilhéus (BA), Porto Belo (SC), Recife (PE), Buenos Aires (Argentina), Montevidéu e Punta del Este (Uruguai).
Duas grandes operadoras fazem a maior parte dos roteiros no Brasil. A MSC Cruzeiros deve comparecer ao País com seis embarcações. Uma novidade na temporada deste ano é a chegada pela primeira vez ao Porto de Santos do gigante MSC Grandiosa, com capacidade para 6,3 mil passageiros.
Já a Costa Cruzeiros vem com três navios, sendo o maior deles o Firenze, com 5.200 leitos e 1.292 tripulantes. Outras companhias, como a Scenic, Norwegian, Azamara, The World, Seabourn, Amadea, Silversea e Atlas Ocean, enviam navios de cruzeiro ao litoral brasileiro.
Rotas turísticas
De acordo com a Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia Brasil), a expectativa é de que o segmento gere 48 mil empregos e injete R$ 3,9 bilhões na economia do País. Segundo o presidente Marco Ferraz, a indústria de cruzeiros tem impacto direto na cadeia de turismo, como agências de viagens, operadoras, hotéis, gastronomia e o comércio em geral.
Para estimular os passageiros a conhecerem a cidade, a prefeitura de Santos retomou o programa ‘Santos, Todos a Bordo!’, que estabelece duas rotas turísticas a serem oferecidas aos visitantes. Os roteiros passam por atrações como o Aquário, o Museu Pelé, a Bolsa do Café, a Vila Belmiro, estádio que consagrou o Rei do Futebol, a orla da praia e a Nova Ponta da Praia, com passagens pelo comércio local.
“Santos é o principal porto de embarque dos turistas de cruzeiros e no ano passado tivemos 450 mil passageiros embarcando aqui, com um impacto de mais de R$ 400 milhões em nossa economia. Queremos melhorar a experiência de chegada e apresentar alternativas de passeios para que os visitantes conheçam a cidade e divulguem os atrativos turísticos”, disse o prefeito Rogério Santos (PSDB).
O Terminal do Concais, onde os passageiros desembarcam, teve o armazém de bagagens ampliado para esta temporada. Já para as próximas, a prefeitura investe em um novo terminal de passageiros na região de Valongo. “O projeto do Parque Valongo pode ser comparado ao Puerto Madero, em Buenos Aires, e vai fazer com que o turista fique mais tempo em Santos”, disse o prefeito.
Em Ilhabela, a prefeitura espera que os cruzeiros injetem cerca de R$ 100 milhões na economia local, beneficiando restaurantes, bares, cafés, lojas de souvenirs e artesanatos, além de serviços de transfers e táxis. “Com um aumento no número de escalas e maior diversidade de navios e operadoras, temos grandes expectativas para esta temporada”, disse o prefeito Toninho Colucci (PL).
Um estudo encomendado pela Clia Brasil apontou que o gasto médio de um passageiro em terra na temporada passada foi de R$ 639,37 nas cidades de escala. “Estamos prontos para receber os passageiros de cruzeiros, com uma infraestrutura bem adequada, prestadores de serviços treinados e uma ampla oferta de atrativos turísticos”, disse o secretário de Turismo de Ilhabela, Harry Finger.
Quebra de recorde
Finalizada em abril deste ano, a última temporada de cruzeiros injetou R$ 3,6 bilhões na economia do País – alta de 240% em relação à temporada anterior, ainda afetada pela pandemia de covid-19. O recorde da indústria de cruzeiros no Brasil aconteceu na temporada de 2011/12, quando foram transportados 805 mil passageiros. Se as condições climáticas forem favoráveis, esse recorde pode ser quebrado nesta temporada.
Uma pesquisa feita pela associação entre os viajantes em cruzeiros pelo País indicou que 87,5% residem no Brasil, sendo a maioria procedente do Estado de São Paulo (com pouco mais de 60%), seguido do Estado do Rio de Janeiro (17%). Entre os estrangeiros (12,5%), destaca-se a Argentina, com 87,2% dos moradores do exterior.
Segundo o Ministério do Turismo, a temporada de cruzeiros 2023/24 também deve reforçar o retorno do Brasil como rota de importantes companhias marítimas internacionais. Ao menos 35 navios de longo curso farão paradas em 45 destinos localizados em 15 Estados brasileiros, como Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Rio Grande do Sul.
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