O Iêmen irá deixar de emitir vistos de turismo para quem desembarca em seu território, numa tentativa de impedir que militantes entrem no país, que está em guerra contra a Al Qaeda, disseram fontes oficiais à imprensa estatal na quinta-feira. Isso deve afetar principalmente visitantes de países ocidentais, inclusive os Estados Unidos, onde uma recente reportagem mostrou que alguns cidadãos norte-americanos suspeitos de receberem treinamento da Al Qaeda no Iêmen podem representar uma séria ameaça ao seu país de origem. "No marco dos esforços do nosso país para combater o terrorismo e fortalecer as medidas de segurança, para evitar a infiltração de elementos terroristas no país, a concessão de vistos nos aeroportos a estrangeiros será cancelada", disse o jornal 26 de Setembro, ligado ao Ministério da Defesa. "A concessão de vistos a estrangeiros só irá acontecer via embaixadas iemenitas no exterior, e após recurso ao aparato de segurança responsável por investigar as identidades de viajantes, a fim de barrar a infiltração de elementos suspeitos de serem terroristas", disse uma fonte de segurança não-identificada ao jornal. Visitantes de outros países árabes com acordos bilaterais migratórios, como Egito, Síria, Sudão e Jordânia, não serão afetados pelas novas regras, disse essa fonte. Até agora, passageiros com passaportes de lugares como Canadá, Europa, Austrália e Japão podiam solicitar o visto no próprio aeroporto. A Al Qaeda local reivindicou a autoria do frustrado atentado do dia de Natal em um voo Holanda-EUA, e desde então o governo iemenita, sob pressão ocidental, já realizou vários bombardeios contra supostos alvos militantes. O país também enfrenta uma rebelião xiita no norte e um movimento separatista no sul. Governos ocidentais e a vizinha Arábia Saudita teme que a Al Qaeda explore o caos e a pobreza no país para transformá-lo em base de lançamento para seus atentados, especialmente diante da repressão que o grupo de Osama Bin Laden enfrenta no Afeganistão e no Paquistão. Alegando razões de segurança, a Grã-Bretanha proibiu na quarta-feira voos diretos do Iêmen para o Reino Unido, e alertou que células militantes estão ativamente planejando ataques.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.