‘Dá vontade de ir lá cavar com a mão’, diz irmã de desaparecido em deslizamento no Paraná

Buscas em área de deslizamento na BR-376 sofrem com instabilidade do terreno. Empresária aguarda notícia do irmão caminhoneiro. Trinta podem estar sob escombros

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Por Ederson Hising
Atualização:

CURITIBA - Quando a empresária Marina de Souza Iavorski, 38 anos, conversou por celular pela última vez com o irmão, o caminhoneiro Márcio Rogério de Souza, de 51 anos, ele ainda não tinha decidido o caminho que faria na volta de Joinville (SC) para Curitiba, no fim da tarde de segunda-feira, 28, se pela BR-376 ou pela BR-277. Desde então, o caminhoneiro, que é pai de três filhos, não foi mais localizado.

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A angústia da família aumentou depois que eles identificaram o veículo dirigido por Souza entre os atingidos na BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná, onde ocorreu um deslizamento de terra na rodovia. Até a noite desta quarta-feira, 30, o Corpo de Bombeiros havia encontrado dois corpos no local. Pelo menos seis pessoas foram resgatadas com vida.

“Meu deus, é uma sensação horrível, angustiante, um sentimento de impotência. Dá vontade de ir lá e cavar com a mão mesmo”, desabafou a empresária, em entrevista ao Estadão. “A gente não tem informação nenhuma, não sabe pra onde foi. Já fomos em todos os hospitais de Curitiba e ele não está em nenhum. Polícia e bombeiros estão fazendo o possível, mas não conseguiram nada até agora”, contou.

Marina disse que o irmão estava viajando com o caminhão descarregado e que seguiria viagem depois que carregasse o veículo com peças automotivas em Curitiba. “Nós conversamos cerca de meia hora antes, eu mandei um print pra ele que estava tendo deslizamento ali na serra. Aí não falei mais. Mandei mensagem umas 9 horas da noite (de segunda) e ele não recebeu mais”, afirmou.

Na madrugada de terça-feira, 29, por volta das 4h, a irmã do caminhoneiro rastreou o veículo. “Pensei que estava parado na serra, mas infelizmente é um dos que está lá dentro do buraco. Está dando no mato. E depois com as imagens deu pra confirmar que é mesmo o caminhão dele que está lá”, explicou. “A gente tenta pensar que pode ser que ele tenha conseguido escapar, mas nem sei o que te falar”, disse.

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Procura por desaparecidos

De acordo com o relatório do gabinete de crise do governo do Paraná, criado para acompanhar a situação dos deslizamentos, 54 bombeiros trabalham ininterruptamente nas buscas por desaparecidos. O relatório diz que 30 pessoas podem estar sob os escombros e também que há seis carretas e dez carros soterrados.

As autoridades afirmam que foram retirados três veículos leves e dois pesados do local. Há quatro caminhões visíveis ainda não removidos. As equipes de busca usaram câmeras térmicas para tentar detectar sobreviventes, mas ninguém foi localizado. O gabinete de crise informou ainda que está sendo feito o levantamento de informações de eventuais vítimas por meio da identificação das placas dos veículos e proprietários.

Imagens áreas desta terça-feira, 29, mostram o cenário de destruição no trecho da BR-376, entre o Paraná e Santa Catarina, em Guaratuba, no litoral paranaense, onde houve um deslizamento de terra  Foto: Prefeitura de Garuva / Divulgação

O governo estadual disponibilizou dois números para que familiares e amigos de possíveis desaparecidos possam fazer contato: (41) 3361-7242 e 0800-282-8082. Até esta quarta, 19 chamados tinham sido feitos, sendo parte deles sobre as mesmas pessoas. A rodovia continua interditada nos dois sentidos e sem previsão para liberação mesmo que parcial.

Conforme o gabinete de crise, a continuidade da chuva na região está sendo um dos principais desafios no trabalho de resgate e liberação da rodovia. O governo não descarta a possibilidade de ocorrência de novos deslizamentos, o que aumenta o risco das equipes.

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