O novo filme de Martin Scorsese, "Os Infiltrados" (The Departed), é amarrado num cabo de tensão: toda cena é um show, e o espectador fica imantado à poltrona. É também esse o problema do filme: a sucessão de impactos é tal que não há relaxamento, não há silêncio, e a gente sai sem memória de quase nenhuma cena em especial. Algumas situações são inverossímeis, principalmente as que envolvem o uso de celular, e alguns personagens não convencem, como a psiquiatra acostumada a lidar com criminosos que é insegura demais. A trama é muito boa, os atores eficientes - ainda que Jack Nicholson repita o mesmo papel demoníaco de sempre - e a condução eletrizante; mas o efeito passa com a mesma rapidez.
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