Acidentes de avião entraram para o imaginário moderno como uma situação terrível. O meio de transporte, dizem as estatísticas, é mais seguro que muitos outros. Mesmo assim, muita gente (eu não, felizmente) morre de medo. Irracional? Não. É que, ao contrário de um acidente de carro, entre o problema e seu desfecho a possibilidade de salvação percebida pelos passageiros é quase nenhuma. Enquanto voamos, tudo parece quase sem atrito, quase sem velocidade; desse engano sensorial vem a vertigem que sentimos na mente quando, ao nos informar sobre fatos como a queda do avião da Gol com 155 pessoas no Mato Grosso, tentamos nos colocar no lugar de quem se viu despencando dentro daquela grande lata em direção ao solo, a um impacto de escassas chances de sobrevivência. Morte é morte, mas é da nossa natureza não querer que ela seja de um tipo tão violento, tão trágico.
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