Dantas tentou subornar delegado da PF com US$ 1 mi, acusa MP

Dono do banco Opportunity queria que seu nome e o de seus familiares fossem retirados das investigações

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Por Reuters
Atualização:

O banqueiro Daniel Dantas, preso nesta terça-feira, 8, pela Polícia Federal, tentou subornar um delegado da PF para evitar as investigações que levaram à sua prisão, acusou o Ministério Público Federal. De acordo com nota distribuída pelo MPF, Dantas teria oferecido, por meio de dois intermediários, US$ 1 milhão a um delegado da PF para que seu nome, o de Verônica Dantas, irmã do banqueiro, e de Carlos Rodemburg, sócio e vice-presidente do Banco Opportunity, fossem retirados das investigações. Parte do dinheiro que seria usado no suborno foi apreendido na casa de um dos acusados. De acordo com os promotores, o fato foi informado ao juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que autorizou que os contatos entre o delegado e os intermediários continuassem sem que fosse dado o flagrante de corrupção. O objetivo seria a obtenção de mais provas. O delegado da PF teria chegado a receber 129 mil reais dos intermediários do banqueiro. Veja também: MP e PF pediram prisão de petista, mas juiz negou Leia a íntegra da nota do Ministério Público Federal Imagens da Operação Satiagraha Opine sobre a prisão de Dantas, Nahas e Pitta  PF prende Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta Daniel Dantas, pivô da maior disputa societária do Brasil Entenda o nome da Operação Satiagraha, que prendeu Dantas Entenda as acusações contra Dantas e Nahas Defesa diz que Dantas foi preso por vingança Mandados de prisão atingem familiares e funcionários de Dantas As ações da Polícia Federal no governo Lula Os 40 do mensalão Os laudos periciais obtidos nas investigações indicam que o grupo de Dantasteria cometido crime de evasão fiscal de divisas por meio do Opportunity Fund, uma offshore no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, no Caribe. De acordo com informações divulgadas e pela Procuradoria da República no Estado de São Paulo, do Ministério Público Federal, este fundo movimentou quase US$ 2 bilhões entre 1992 e 2004. "Além de evasão (de divisas) e (formação de) quadrilha, as investigações já permitem dizer que o grupo de Dantas cometeu também gestão fraudulenta, concessão de empréstimos vedados (entre empresas do mesmo grupo) e corrupção ativa", diz o MPF-SP. A PF e o MPF informaram que irão apurar o vazamento de informações sigilosas, que teriam levado Dantas a tentar o suborno do delegado. A operação Satiagraha, que resultou na prisão de Dantas, contou com a participação de 300 policiais federais nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Salvador. A informação também foi confirmada pelo procurador da República Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal de São Paulo, durante entrevista coletiva nesta tarde. Grandis informou que, em dois momentos distintos, o delegado recebeu R$ 50 mil e depois R$ 79 mil, em valores que foram apreendidos e que estão disponíveis na Justiça Federal. Ainda de acordo com o procurador, os dois integrantes do grupo de Dantas propuseram também ao delegado a criação de uma investigação contra o adversário e ex-sócio de Dantas, Luiz Roberto de Marco. O investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta também foram presos na operação. O Ministério Público informou que também pediu a prisão do ex-deputado federal pelo PT paulista Luiz Eduardo Greenhalg, por suposta participação na "organização criminosa de Dantas". O pedido, no entanto, foi negado pelo juiz. Texto atualizado às 17h40 (Com Anne Warth, da AE)

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