“Lugar por onde se passa”. Era assim que os índios se referiam à região do bairro da Lapa lá nos idos do século 16, uma sesmaria dos jesuítas junto ao Rio Emboaçava, hoje chamado de Pinheiros. Há duas versões sobre a origem do nome do bairro: a de um português que carregava uma imagem de Nossa Senhora e construiu uma gruta para a santa e a da missa anual celebrada pelos jesuítas em homenagem a Nossa Senhora da Lapa.
No século 18, a propriedade mais conhecida era a Fazendinha da Lapa. Por causa dos ataques de índios aos colonos do Sítio do Emboaçava, o padre José de Anchieta ordenou a construção de um forte no local. Como a região era alagadiça e acidentada, os religiosos decidiram trocá-la pouco tempo depois por outra propriedade em Cubatão, para onde levaram a santa. Nessa época, o lugar possuía apenas cinco casas e 30 habitantes.
No final do século seguinte, o das imigrações, chegaram à Lapa famílias do norte da Itália, que se dedicavam ao plantio de frutas e verduras, e, em seguida, italianos da região de Veneza, portugueses, espanhóis, franceses etc. Até hoje a maior influência no bairro é a italiana.
As olarias também tomaram conta do terreno, atraídas pela qualidade do barro do Rio Tietê, dando início ao caráter industrial do bairro. A ferrovia São Paulo Railway (SPR) também contribuiu para esse processo. Outro momento de forte expansão aconteceu nas décadas de 50 e 60, com a construção das marginais dos rios Pinheiros e Tietê.
A Lapa tem sua parte nobre, o Alto da Lapa, concebida pelo arquiteto e urbanista inglês Barry Parker, que projetou seus jardins internos, os traçados sinuosos de ruas, muitas praças e ampla arborização. Outra parte do bairro, a Lapa de Baixo, nasceu entre o rio Tietê e os trilhos da Ferrovia São Paulo Railway e se constitui em um pequeno bairro com casas de classe média, muitas industrias e um grande número de armazéns.
Desde os anos 80, o perfil do bairro vem mudando: as indústrias foram sendo fechadas dando lugar a um amplo comércio.
Na última década, a região da Lapa virou “a bola da vez” em empreendimentos imobiliários, seguindo a tendência de verticalização de outros bairros da capital paulista. Reflexo disso são os casarões e galpões que vieram abaixo nos últimos anos, tornando o bairro um dos campeões em demolições. Isso trouxe valorização, ainda mais porque a região possui boa infraestrutura, rede de transportes (Terminal da Lapa e estação de trem) e saída para importantes rodovias (Anhanguera e Bandeirantes).
O bairro possui um dos melhores IDHs (0,941) da cidade e conta com uma ótima infraestrutura urbana. E também é conhecido pelas inúmeras opções de lazer: o Tendal da Lapa, a Estação Ciência, o Teatro Cacilda Becker, o Clube-Escola Pelezão, o Museu do Relógio etc. Além disso, ali estão localizados, a sede da TV Cultura, e os Estúdios Mauricio de Sousa.
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