Maceió decreta estado de emergência após alerta para ‘risco de colapso’ em mina da Braskem

Após tremores de terra no bairro de Mutange, a defesa civil já tinha intensificado o monitoramento; problemas na cidade começaram em 2018, quando um abalo causou rachaduras e o afundamento do solo em cinco bairros; área de mina da Braskem é monitorada

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Foto do author Renata Okumura
Atualização:

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), decretou estado de emergência por 180 dias em Maceió, capital de Alagoas, na noite de quarta-feira, 29, após alerta para “risco iminente de colapso” da mina 18 da Braskem no bairro de Mutange, que já havia sido feito no mesmo dia. A gestão municipal tem alertado para tremores de terra na região. Caldas fez o anúncio à população por meio das redes sociais.

“Devido ao risco de colapso de uma mina no Mutange, decretei estado de emergência por 180 dias em Maceió”, disse ele.

A Defesa Civil da cidade também já havia reforçado, anteriormente, o monitoramento no local, que permanece em vigilância. Segundo o órgão, os sismos sentidos nos últimos dias foram registrados em áreas já desocupadas.

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Um gabinete de crise foi criado e a Defesa Civil de Maceió também monitora as minas existentes na Lagoa, nas proximidades do antigo campo do clube CSA. “Por precaução e cuidado com as pessoas, recomendamos que a população e embarcações evitem transitar na região até nova atualização do órgão”, alertou o órgão.

Recentemente, ocorrências de microssismos foram registradas na área das minas que estão sendo preenchidas pela empresa de mineração Braskem. Em magnitudes consideradas baixas, sem potencial para causar danos à superfície ou serem sentidas pela população, estes tipos de ocorrência somente são identificados por meio de equipamentos de monitoramento.

Em nota, a Braskem disse que, em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento, paralisou suas atividades na Área de Resguardo.

Rachaduras atingem bairros de Maceió Foto: Ailton Cruz/Estadão - Foto: 08/05/2019

“Tais registros estão concentrados em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Avenida Major Cícero de Goes Monteiro”, afirmou a empresa.

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A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil de Maceió. “É uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência”, reforça a companhia.

A Braskem disse que segue acompanhando, de forma ininterrupta, os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil municipal.

Afundamento de solo em cinco bairros

Os problemas em Maceió começaram no dia 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano.

O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo por causa da extração de sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela Braskem, que atuava na região desde 1976. A companhia encerrou a extração do minério na região em 2019. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.

No dia 21 de julho deste ano, a Braskem informou que fechou acordo com o município de Maceió para pagamento de R$ 1,7 bilhão. O termo estabelece a indenização, compensação e ressarcimento integral da cidade alagoana em relação a todo e qualquer dano patrimonial e extrapatrimonial por ele suportado.

Conforme a prefeitura de Maceió, os recursos que serão pagos pela empresa serão destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores (FAM). O acordo não invalida as ações ou negociações entre a Braskem e os moradores das regiões afetadas.

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