A Polícia Civil de Minas Gerais encerrou na terça-feira, 8, a investigação sobre a mulher que foi estuprada após ser deixada desacordada na porta de casa, em Belo Horizonte, na madrugada de 30 de julho, e indiciou duas pessoas.
Um homem que está preso desde o dia 31 de julho foi indiciado por estupro de vulnerável e, se condenado, pode pegar até 15 anos de prisão. O motorista de aplicativo que transportou a mulher até a casa dela e a deixou desacordada na calçada foi indiciado por abandono de incapaz e, se considerado culpado, pode receber pena de até três anos de prisão. A polícia não pediu a prisão dele.
A vítima, de 22 anos, foi com amigos a um show de pagode do cantor Thiaguinho no estádio do Mineirão e consumiu bebida alcoólica. Dali seguiu para um pub, acompanhada por um amigo de 20 anos.
Quando decidiram ir embora, esse amigo chamou um motorista de aplicativo para levar a jovem até a casa dela. Ele avisou o irmão dela que a mulher estava embriagada e recomendou que ele a aguardasse na porta.
O motorista de aplicativo, de 36 anos, pediu que o amigo acompanhasse a moça, no carro, mas ele disse que não seria preciso, já que o irmão iria recebê-la na calçada. Segundo o amigo, ao entrar no veículo, a mulher, embora embriagada, estava acordada. Mas, ela dormiu durante o trajeto e, ao chegar ao endereço indicado, na zona noroeste de Belo Horizonte, o irmão dela não estava na portaria.
Imagens de câmeras de segurança mostram que o motorista estacionou o veículo, desceu e tocou o interfone do prédio. Como ninguém atendeu, o motorista parou um motociclista que passava pelo local e pediu ajuda para retirar a passageira do carro.
Eles deixaram a mulher descordada na calçada. O motociclista foi embora e o motorista, segundo disse à polícia, saiu para comprar um isotônico. Quando voltou, a mulher não estava mais lá.
Imagens de câmeras de segurança mostram também que, quando a mulher desacordada foi deixada sozinha na rua, Wemberson Carvalho da Silva, de 47 anos, passou pelo local, constatou o estado da mulher, colocou-a nas costas e seguiu caminhando.
A polícia descobriu que ele a levou até um campo de futebol a 700 metros dali, no bairro Santo André, onde estuprou a mulher. Ele saiu do local por volta das 7h, após ficar cerca de três horas com ela. A mulher foi encontrada e acordada por pessoas que passavam pelas imediações.
Segundo a polícia, a vítima contou só se lembrar de entrar no carro de aplicativo e de ser acordada, já pela manhã, no campo de futebol.
A Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual, responsável pela investigação, apreendeu no campo de futebol roupas, cobertor e um preservativo supostamente usado no crime. Também foi colhido o material genético do suspeito, cujo laudo pericial está sendo produzido.
Silva foi preso no dia 31 de julho, na casa da mãe dele. Conduzido à Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher, negou os fatos e não respondeu mais nenhuma pergunta.
O motorista de aplicativo, cujo nome não foi divulgado, prestou depoimento e afirmou à polícia ter feito tudo o que estava ao seu alcance para auxiliar a vítima.
Outros dois envolvidos foram investigados e considerados inocentes pela polícia: o amigo da vítima e o motociclista que ajudou a tirar a moça do carro de aplicativo. A reportagem tenta contato com as defesas dos dois indiciados.
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