O dólar encerrou em alta frente ao real nesta terça-feira por temores de que um impasse nas eleições italianas cause uma crise financeira prolongada na zona do euro, com consequências negativas na economia mundial. A moeda norte-americana subiu 0,44 por cento, para 1,9860 real na venda, após fechar o pregão anterior com alta de 0,32 por cento. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3,542 bilhões de dólares. "O movimento de hoje é bastante natural, o dia começou com aversão a risco em alta e, naturalmente, era de se esperar que moedas de economias emergentes se depreciassem", disse o economista-chefe do CM Capital Markets, Darwin Dib. A eleição na Itália resultou em maioria de centro-esquerda na Câmara, mas nenhum partido conseguiu controlar o Senado. A lei italiana exige que um governo de coalizão conte com maioria em ambas as casas, o que pode levar os eleitores a voltar às urnas. A incerteza sobre o pleito alimentou a aversão ao risco dos investidores internacionais pela segunda sessão consecutiva, aumentando a demanda por ativos considerados mais seguros, como a moeda norte-americana. O dólar registrava alta de 0,25 por cento em relação a uma cesta de divisas, enquanto o euro tinha queda 0,07 por cento frente à moeda dos Estados Unidos. A tendência de fortalecimento do dólar nos mercados globais foi intensificada, no Brasil, por uma tentativa dos investidores de testar o patamar de 2 reais - considerado por parte do mercado como uma espécie de teto informal para a moeda norte-americana. Na máxima da sessão, o dólar chegou a ser cotado a 1,9940 real. "O mercado está aproveitando o cenário externo para tentar bater a máxima de 2 reais", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. Analistas têm especulado que o governo estabeleceu uma banda informal de entre 1,95 real e 2 reais para a moeda norte-americana com o objetivo de reduzir o custo de produtos importados e controlar pressões inflacionárias. "O mercado vai tateando no escuro, vai indo aos trancos e barrancos, procurando uma eventual mudança de postura ou do BC ou do governo", acrescentou Galhardo. Mais cedo nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o controle da inflação é uma prioridade para o governo. Na véspera, o presidente do BC, Alexandre Tombini, havia dito que a autoridade monetária vai reagir a qualquer volatilidade nos mercados de câmbio.
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