De um lado, trata-se de um divisor de águas essa transferência de muitos membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) para presídios federais. Mas, por outro lado, desde 2012 essa facção criminosa tem lidado com restrições de comunicação com o mundo exterior. Então, o PCC já tem descentralizado o poder de decisão para quem está fora dos presídios - para a estrutura rodar independentemente do aval daqueles que estão incomunicáveis.
Claro, estruturalmente pode ser um problema para o PCC, mas eles já criaram uma resposta para isso. Em relação à resposta à ação do governo, é impossível de se prever. O que podemos dizer é que, depois que o grupo entrou no mercado das drogas, em um negócio milionário, algum grau de racionalidade econômica deve fazer parte das decisões da cúpula. O PCC deve medir as perdas e ganhos advindas de uma reação imediata - lembrando que seus líderes já estão sob tutela do Estado e, portanto, vulneráveis a punições.
*É PESQUISADOR DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA VIOLÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)
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