Até Barcelona, 1992, quem quisesse acompanhar as olimpíadas precisava ligar a televisão, o rádio ou se informar posteriormente sobre o que tinha acontecido pela imprensa escrita (jornais e revistas). Alguns vão lembrar que em 1992 já haviam BBS e outras redes eletrônicas funcionando, mas foi só realmente quatro anos depois que pela primeira vez uma nova forma de transmissão se estabeleceria nos jogos olímpicos: a internet. Foi há 20 anos, em Atlanta, que um evento de dimensão global como a olimpíada passou a contar com a rede para expandir ainda mais seu alcance.
Aqui no Estadão, ainda sob o domínio agestado.com.br, um site especial dos jogos inaugurou uma nova era no jornalismo, com um publicador web especialmente desenvolvido permitindo a transmissão de notícias em tempo real sem a necessidade de edição em arquivos no formato HTML. Foi uma inovação e tanto.
Já antes da abertura dos jogos, o atentado no parque olímpico foi noticiado minutos depois do ocorrido. A chama da tocha em movimento na tela era outra atração que provocava deslumbramento naquela época, assim como o patrocínio da gigante das telecomunicações AT&T.
Com o início dos jogos, a empolgação com o novo publicador era tanta que os poucos jornalistas dedicados à edição da página web se viam transmitindo partidas de vôlei e basquete ponto a ponto, sem saber como o público reagia a isso, já que ainda não havia métricas. Aos poucos, foi-se estabelecendo um padrão para a cobertura então inédita que, além das pílulas informativas, permitia aprofundamento de dados e de histórias com várias seções específicas atualizadas.
O perfil de Carlos Arthur Nuzman publicado na seção personagem do site relatava o objetivo do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro levar a Olimpíada para o Rio de janeiro em 2004. “Vou tentar mostrar que o Rio tem uma sociedade eminentemente esportiva, está bem estruturado para a disputa de todas as modalidades, a cidade é acolhedora e o nosso projeto comprova sua capacidade organizacional.”
Mesmo ainda não entendendo direito o que era a internet, repórteres do jornal impresso colaboravam enviando histórias exclusivas para serem publicadas no site, como essa de Sebastião Rodrigues relatando o encanto do jovem Ronaldinho com a beleza de Ana Paula, do vôlei: ‘’Pena que ela seja casada’'.
Veja nas páginas recuperadas do Internet Archive como foi a pioneira cobertura digital da Olimpíada de Atlanta pelos jornalistas Robson Pereira, Alpheu Ruggi, Marisa Vieira da Costa, Edmundo Leite, Pedro França, Marcelo Barros, Carlos Orsi, Fabio Galvão e outros colegas que, apesar de ainda não serem do serviço web, também colaboraram bastante naqueles dias.
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