Grande parte dos fãs de rock adora arrotar princípios tirados de uma tábua de mandamentos imaginária. Saudosistas e sem causa, faz algum tempo começaram a professar contra as cores no rock, esquecendo que seu passado é multicolor.
Evocam uma pureza e integridade inexistentes para menosprezar a diversão transgressora presente desde o primórdio roqueiro, quando não só as roupas, mas também atitudes e espíritos, eram coloridos e irreverentes. Por causa disso, os pioneiros foram chamados de pederastras, efeminados e invertidos.
Muitas ondas cromáticas depois (teddy boys, hippies, headbangers, punks, new waves, emos), a nova geração que se dispõe a empunhar guitarras e cantar rock descompromissado tem agora que enfrentar o chicote repressor daqueles que já foram coloridos, desbotaram e agora só vestem a batina preta da intolerância.
Expostos a anos de fanzines mal xerocados, a jornais e revistas sem verba para imprimir fotos coloridas e a programas de TV em preto e branco, os roqueiros brasileiros desenvolveram uma dicromacia crônica irreversível. Apesar da paleta de cores infinita disponível, só conseguem pintar o mundo da cor e tonalidade que enxergam. Paradoxo cromático, alguns de seus maiores ídolos são coloridos até no nome.
Donzelas coloridas
United colors of Ramones
Sábado colorido
Coloridos e profundos
Sem cor de chumbo
Muito além do pink
“Vermelho, vermelhaço, vesmelhusco, vermelhante, vermelhão...”
As várias cores das rosas
Pretinho básico? Tô fora!
London colors
“I got stripes, stripes around my shoulders...”
Despedida colorida
Memória, gente e lugares
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