Dia do Índio na época dos primeiros anos escolares era daquelas datas cívicas anuais que sempre rendiam algum evento diferente, quase sempre com cara pintada de tinta guache e um cocar mambembe feito de cartolina e pena comprada em bazar. Como outras datas cívicas e religiosas, ninguém entendia direito o que estava sendo celebrado, mas valia pela quebra da monotomia.
Imagino que hoje ainda deve continuar o ritual com a molecada mais nova nas escolas.
A questão indígena é um assunto que de tempos em tempos volta a esquentar - hoje mesmo a justiça voltou a cancelar o leilão da usina de Belo Monte - e no dia 19 de abril é comum ouvir aquilo que escutamos há anos e que provavalente vamos continuar a ouvir sempre: que os índios eram os donos da terra, que precisam ser olhados e protegidos, que foram dizimados e que sua cultura precisa ser preservada.
O presidente Lula, ao demarcar uma nova reserva, disse que “precisamos fazer mais pelos índios”
Em 1981 o Jorge Ben transformou esse discurso que está na boca do povo há anos na música "Curumim chama cunhatã que eu vou contar (Todo dia era dia de índio)".
Se a questão indígena não avança um milímetro a cada 19 de abril, a data pelo menos é uma boa chance para escutar essa obra-prima. Já tinha usado o vídeo abaixo em outro post recentemente, mas nunca é demais reouvir Jorge Ben, ainda mais bem acompanhado, nesse caso de Baby Consuelo, quantas vezes for.
“Curumim chama cunhatã que eu vou contar (Todo dia era dia de índio)” faz parte do sensacional disco “Bem-vinda amizade”.
O disco de 1981 está na caixa com 13 álbuns lançada no fim do ano passado, disponível nas principais lojas virtuais:
| Americanas | Cultura | Saraiva | Submarino |
Sozinho, só na Amazon, que anuncia um solitário exemplar.
No fim do ano passado, a revista Trip publicou uma grande entrevista com Jorge Ben feita pelo jornalista Pedro Alexandre Sanches. A íntegra pode ser lida no blog do Pedro Alexandre. Aproveite para ler outro texto dele em que ele diz que Roberto Carlos, que nasceu num 19 de abril, é um índio.
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