Um deles nega ter sido o autor de mensagem admitindo ter saqueado bancas na avenida Paulista
Edmundo Leite
São Paulo - A repercussão da notícia de que torcedores são-paulinos assumiram, em comunidades no site Orkut, atos de vandalismo na avenida Paulista na última sexta-feira fez com que alguns deles se retratassem de diferentes maneiras nesta quarta-feira. Em mensagens no próprio Orkut e numa ligação telefônica para a redação do Portal Estadão, Phelipe Meschiatti, de 19 anos, negou ter escrito a mensagem postada em seu nome no tópico "Paulista vs Independente", dizendo ter saqueado três bancas de jornais.
"Só para esclarecer: quem colocou aquelas declarações idiotas na comunidade não era eu. Infelizmente, invadiram o meu Orkut e deixaram aquelas declarações cretinas. Meu advogado já está entrando em contato com o jornal O Estado de São Paulo para maiores esclarecimentos", escreveu Phelipe numa mensagem postada num tópico iniciado por ele intitulado "Esclarecimentos".
Diante dos inúmeros recados que passou a receber por causa da mensagem, deletada por ele do tópico, Meschiatti alterou a descrição de seu perfil de apresentação no site, onde acrescentou que foi roubado na avenida Paulista e que tem um Boletim de Ocorrência comunicando o fato. E aproveitou para dizer que "não concordo com o que aconteceu, inclusive, fui embora antes de todo o quebra-quebra".
A explicação, no entanto, não impediu que muitos participantes do Orkut lotassem sua página de recados dos mais variados tipos, como xingamentos, votos de que seja punido e até algumas ameaças veladas, como uma - apagada pouco depois - dizendo que em breve ele ia aprender a respeitar a Tropa de Choque.
Por telefone, Phelippe voltou a negar ser o autor da mensagem sobre os saques e contou que, por morar próximo a uma sub-sede da Torcida Independente, estava sendo ameaçado e alvo de hostilidades na rua.
Segundo ele, que afirmou também nunca sequer ter participado de qualquer torcida organizada, ele se deu conta da perda da carteira com documentos e cartões bancários quando chegou em casa, na madrugada de sexta-feira. Imediatamente, contou, fez um Boletim de Ocorrência Eletrônico pela internet.
A partir, desse momento, diz, não mais acessou a internet e só soube da mensagem admitindo vandalismo quando amigos ligaram para ele comunicando sobre a reportagem do Estadão.com.br, que o havia procurado por e-mail antes da publicação.
Meschiatti enviou o BO por fax à redação, mas não soube explicar como alguém conseguiria acessar sua conta no Orkut com os números de seus documentos. Perguntado se portava em sua carteira dados como e-mail e senha da conta, disse não se lembrar, para depois afirmar que sim. Ele afirmou também que pode provar, com testemunhos das pessoas que o acompanhavam (o irmão, outros parentes e amigos) que não se envolveu em vandalismo e que não postou texto algum sobre isso.
Outros torcedores que também relataram atos de violência preferiram se retratar e, pressionados por outros participantes, vários testemunhos - arquivados pelo Estadão - foram sumindo das páginas ao longo do dia. A própria discussão foi inteiramente removida. Andre Inde, que a havia iniciado, criou o tópico "Sobre a Paulista", onde escreveu que " tudo aquilo que falei, falei porque estava nervoso, porque eles rasgaram meu braço, sem eu ter feito absolutamente nada. Também não quebrei nada, falei mesmo pela raiva que sentia naquele dia, até porque isso queima o nome da torcida."
De acordo com o delegado Mário Jordão, titular da 1ª Seccional Centro, investigadores do 78º DP (Jardins) já estão acessando o site. "Essas informações são extremamente importantes para nós." A partir das declarações contidas no Orkut, pessoas podem ser chamadas para depor, seja por possíveis atos de vandalismo ou por serem testemunhas.
(Texto originalmente publicado no Estadao.com.br em 20 de Julho de 2005)
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