O Ministério Público do Egito acusou formalmente nesta quarta-feira o ex-presidente Mohamed Mursi e 35 outros dirigentes islamistas por conspirar com grupos estrangeiros para cometer atos terroristas no Egito, num caso que poderia resultar na sua condenação à morte. Declarando se tratar do "maior caso de conspiração na história do Egito", um comunicado do procurador-geral detalha um "plano terrorista" com origem em 2005 e com participação do grupo palestino Hamas, do governo islâmico xiita iraniano e do grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do Irã. O Hamas, que governa a Faixa de Gaza, qualificou a acusação de "fabricação e mentiras". Não houve de imediato comentários por parte do Irã, do Hezbollah e da Irmandade Muçulmana - a organização a que pertence Mursi -, cuja maioria dos líderes está na prisão. A decisão marca uma nova escalada na supressão do movimento islamista que levou Mursi à vitória na última eleição presidencial, mas passou a atuar clandestinamente desde que o Exército o depôs, em julho, após protestos em massa. As autoridades que assumiram o poder reprimiram duramente o grupo desde a deposição de Mursi, matando centenas de seus partidários. Outros milhares foram presos enquanto o governo, apoiado pelos militares, dá continuidade a um plano de transição que tem como meta a realização de eleições no ano que vem. O próximo passo é um referendo sobre uma nova Constituição, previsto para meados de janeiro. Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira, a Irmandade Muçulmana e o Partido da Justiça e Liberdade pediram um boicote a essa votação. A Constituição anterior foi redigida por uma Assembleia dominada por islamistas e sancionada por Mursi há um ano, depois de aprovada em referendo. A nova Carta contém um artigo que proíbe partidos religiosos. Embora a Irmandade e seus aliados islamistas se oponham à essa Constituição, o ultraortodoxo Partido Nour, também islamista, está pedindo aos egípcios que votem a favor. (Reportagem adicional de Mohamed Abdellah e Nidal Al Mughrabi)
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