Elias Maluco: Polícia Federal diz que caso indica suicídio, mas vai aguardar perícia

Delegado fala em 'suicídio clássico' e diz que cartas foram encontradas na cela. Corpo foi liberado e deve seguir para sepultamento no Rio de Janeiro nesta quinta-feira

PUBLICIDADE

Por Fábio Donegá
Atualização:

CASCAVEL - Responsável por apurar as circunstâncias acerca da morte de Elias Maluco, o delegado da Polícia Federal Daniel Martarelli da Costa disse que o caso, a princípio, é tratado como um “suicídio clássico”. Elias Pereira da Silva, de 54 anos, foi encontrado morto na terça-feira, 22, na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.

“No local, apreendemos algumas cartas que se encontravam na cela do preso. Também fizemos oitivas com os agentes que o encontraram e obtivemos imagens das câmeras de segurança. Nas cartas, ele não relatou o motivo do ato, mas diz, basicamente, que não tinha mais vontade de viver e pediu perdão à família, dizendo que não era um ato de covardia, mas, sim, de coragem, que ele se sentia pronto para aquilo. Ele não relatou nada sobre ameaça ou motivação. Eu não posso afirmar, obviamente vai ter um laudo pericial para isso, mas pelos indícios, tudo indica para um suicídio clássico”, disse o delegado, que periciará todo o material encontrado na cela.

Elias Maluco foi julgado em 2005 pela morte do jornalista Tim Lopes Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO/24-05-2005

PUBLICIDADE

Martarelli descreveu ainda o cenário na cela. “Estava bem organizada, com a cama arrumada, e ele havia recebido a refeição na hora do almoço e ingerido ela normalmente. Estava tudo organizado, os livros, as cartas, e havia uma toalha pendurada no local do banho”.

Apesar dos indícios de suicídio, a PF monitora a repercussão da morte nos outros presídios do País e também fora deles, até a conclusão final do caso. Até porque o laudo pericial, feito por agentes da Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR), tem 30 dias para ficar pronto. O laudo preliminar aponta o enforcamento como a causa da morte.

Publicidade

Na Penitenciária Federal de Catanduvas, as celas são individuais e, segundo o delegado Martarelli, outros presos não tinham acesso à cela de Elias, que no dia anterior ao da morte havia saído para o banho de sol normalmente. Quanto às câmeras de monitoramento, elas não captam imagens do interior das celas e ainda serão periciadas. O corpo de Elias Maluco foi levado a Cascavel, para onde familiares enviarão um representante judicial para fazer a liberação.

Advogados liberam corpo do IML; corpo seguirá para o Rio nesta quinta

Os advogados de Elias Maluco conseguiram liberar, na tarde desta quarta-feira, o corpo aos familiares para os atos fúnebres. Lucéia Alcântara e Paulo César de Almeida Júnior já haviam tentado a liberação no período da manhã, mas sem sucesso.

Questionados sobre a possível divergência de horários da morte de Elias, de 54 anos, e da recusa dele em receber seus defensores na tarde desta terça-feira, eles preferiram não gravar entrevista.

Publicidade

Ainda nesta quarta, Lucéia havia dito que tinha atendimento com Elias agendado para as 16h desta terça-feira, mas na penitenciária foi informada de que o detento não quis recebê-la. O horário bate com o momento em que Elias foi encontrado enforcado por agentes penitenciários.

Liberado pelos advogados, o corpo de Elias Pereira da Silva foi levado de carro por uma funerária até a cidade de Santa Tereza do Oeste, a poucos minutos de Cascavel (PR). De lá, seguirá a Foz do Iguaçu (PR), de onde partirá nesta quinta-feira, 24, próximo ao meio-dia, em um voo comercial rumo ao Rio de Janeiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.