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Em evento, Crea-SP apresenta a inovação tecnológica dos municípios paulistas

Segunda edição do Simpósio Cidades Inteligentes ocorreu nos dias 4 e 5 de agosto, no litoral de São Paulo

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Por Crea-SP
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Na noite de 4 de agosto de 2023, o auditório do Blue Med Convention Center, centro de eventos localizado ao lado do atracadouro da balsa que liga por mar o município de Santos ao Guarujá, está repleto. São aproximadamente 3.500 engenheiros, engenheiras e profissionais de tecnologia e geociências que vieram dos 645 municípios de São Paulo para participar da abertura do Segundo Simpósio de Cidades Inteligentes, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), com apoio do Confea, o conselho federal, e da Mútua, a caixa de assistência dessa classe de profissionais.

O simpósio é a conclusão de um extenso trabalho que compreendeu a realização de quatro encontros regionais e presenciais nas cidades de Atibaia, Jaguariúna, São José do Rio Preto e Sorocaba e contou com a contribuição de 2.000 profissionais imbuídos da missão de identificar e propor soluções de inovação para transformar os municípios paulistas em cidades inteligentes.

Conhecidos como Colégio de Inspetores – instância na qual os profissionais do Crea-SP se reúnem anualmente para definir os rumos da atividade de fiscalização da profissão –, os encontros foram reformulados para agregar a participação daqueles que trabalham nas áreas pública e privada. Em cada um deles, se dividiram em grupos para discutir problemas e soluções relacionados a seis eixos temáticos: acessibilidade, agricultura e políticas públicas, capacitação profissional, desenvolvimento urbano e habitacional, participação feminina na tecnologia e saneamento básico.

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Para Vinicius Marchese, presidente do Crea-SP, o evento consolida o trabalho de promoção da inovação e da capacitação que é desenvolvido pelo Conselho Foto: Fernando Roberto/Estadão Blue Studio

Depois de sistematizadas, as contribuições geraram um Relatório Técnico com 160 páginas que apresenta um estudo técnico sobre cada eixo com propostas de soluções para o desenvolvimento dos municípios paulistas, bem como oferece caminhos para que eles possam contribuir para atingir os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU. “O resultado é um marco para a área tecnológica que se coloca como uma ferramenta para subsidiar o poder público na resolução dos entraves das cidades”, afirma o presidente do Crea-SP, Vinicius Marchese. A versão digital do relatório pode ser acessada em: https://simposiocidadesinteligentes.creasp.com.br/.

Apoio ao poder público

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Por ser um tema que afeta diretamente a vida das pessoas, estavam presentes na cerimônia o vice-governador e o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado de São Paulo, Felicio Ramuth e Marcelo Branco, respectivamente, bem como o prefeito de São José, primeiro município do Brasil a ser certificado como cidade inteligente e que foi sede da primeira edição do Simpósio em 2022.

Após a cerimônia, Marcelo Branco explicou que o Relatório Técnico produzido pelo Crea-SP será muito útil para o trabalho que ele realiza à frente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação. “O contexto de cidade inteligente no desenvolvimento urbano está em aproximar os serviços das pessoas para que elas tenham uma qualidade de vida maior. A cidade inteligente não pode ser uma cidade que não pense no desenvolvimento urbano de forma integrada entre todos os serviços públicos”, argumenta.

O secretário disse também que espera aumentar a parceria do governo do Estado com o Crea-SP, já que o Conselho tem sido de extrema importância na busca de soluções inovadoras para mitigar os efeitos da tragédia provocada por inundações e desabamentos ocorridos durante o verão passado na cidade de São Sebastião. “O Conselho potencializou o trabalho da secretaria e ajudou a identificar as áreas de risco, quais casas estavam condenadas e ainda a encontrar terrenos novos para construção de novas habitações”, atesta.

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O secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado, Marcelo Branco, destacou a importância da atuação do Crea-SP com o Poder Público Foto: Fernando Roberto/Estadão Blue Studio

Para Marchese, o evento significa o final de um ciclo de trabalho de promoção da inovação e da capacitação que ele vem desenvolvendo no Conselho. “Ele conclui meses de trabalho com a entrega desse relatório, no qual muitos profissionais ao longo das etapas pensaram, a partir desses eixos, o quanto engenharia, agronomia e geociências podem contribuir para o desenvolvimento das cidades. O tema é abrangente e por isso é muito importante encerrar com a presença de representantes do governo do Estado. É uma entrega robusta do Crea-SP que vai ficar para o poder público, sem deixar de falar da fiscalização, que é nossa função”, reforça o presidente do Crea-SP.

Mulheres na tecnologia

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Dentre os seis eixos tratados pelo Relatório, destaca-se o referente à presença das mulheres como líderes de tecnologia. A equidade de gênero proposta no 5º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável teve a mesma importância que os outros cinco, pois nenhuma sociedade é saudável se os direitos e oportunidades não são iguais. Do 1,1 milhão de engenheiros registrados no Brasil, só 19% são mulheres, enquanto essa participação cai para 14% entre os 350 mil registrados no Estado de São Paulo.

Em nível nacional, o número de mulheres nos segmentos tecnológicos só é maior na engenharia de alimentos e no design de interiores, entre as nove carreiras pesquisadas. A menor participação é na engenharia mecânica, com apenas 5%, chegando a 23% na engenharia civil e 43% na engenharia ambiental.

A engenheira Poliana Krüger quer mudar isso. Junto com a colega Evandra Barbin, coordenou os trabalhos que contextualizaram a presença feminina na área tecnológica e definiram, como prioridades, estimular crianças e adolescentes pela tecnologia, conter a evasão das mulheres na graduação das universidades e estimular a presença delas no Sistema Confea/Crea e Mútua.

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“A luta pela equidade começa combatendo os estereótipos de que as mulheres não são de exatas, mas são sim”, afirma Poliana. Ela comemora o fato de o tema ter conquistado pela primeira vez uma sala no Colégio de Inspetores do Crea-SP.

“É um marco importantíssimo. Falamos de mulheres na tecnologia, dentro da profissão e ainda das engenheiras maiores de 60 anos que têm medo de trabalhar com tecnologia. A gente mostrou que elas não precisam ter medo, pois a tecnologia já está na mão, com os aplicativos do celular, o que precisa agora é capacitação”, observa.

Troca de ideias

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No sábado, o centro de convenções já não é mais o ambiente cerimonial da noite anterior e se assemelha a um grande coworking, com grandes salas de capacitação nas laterais, um palco principal iluminado ao fundo e espaços abertos pensados para estimular a interação do público. Ao longo do dia, mais de duas dezenas de palestras foram ministradas por especialistas cuidadosamente selecionados para contribuírem com transformação das cidades pela inovação.

Na sala do eixo acessibilidade, a palestra inaugural é de Bruno Mahfuz, cadeirante desde 2001 e que em 2016 criou um aplicativo chamado Guia de Rodas. O app permite que qualquer pessoa consulte e avalie a qualidade da acessibilidade de locais públicos e privados. O sucesso da iniciativa o levou a ser reconhecido como um dos 35 principais inovadores abaixo dos 35 anos da América Latina pelo MIT Technology Review na Categoria Humanitários.

Bruno conta sua história em uma transmissão via internet. “Um bebê precisa das mesmas coisas que eu preciso. De espaço, de piso regular para não travar a roda do carrinho; precisa de rampas.”

Quem escuta atentamente as palavras de Bruno é Antônio Carmelito Marassatto, engenheiro civil na prefeitura de Itatiba. “Vem ao encontro de minhas necessidades.” Ele trabalha com projetos de sinalização viária nesse município que fica na região de Campinas. Lá, está em curso a execução de projetos de revitalização para melhorar a caminhabilidade das pessoas no centro da cidade. Ele e a engenheira civil Alessandra Patacho participaram também do encontro regional em Atibaia. Ambos contribuíram para o resultado apresentado no Relatório Técnico.

Alessandra ficou o dia inteiro nas palestras daquele eixo. Sua área de atuação é a segurança do trabalho dos três mil servidores do município, incluindo as escolas. Ela considera que aprendeu muito durante o processo e pretende aplicar ao menos uma das ideias. “Vou propor na minha cidade a retomada das atividades das comissões de acessibilidade para prédios públicos”, revela.

Hackathon Crea-SP

O simpósio promoveu uma disputa emocionante entre mais de 100 jovens. Formadas por grupos liderados por ao menos um profissional da engenharia, as equipes com desenvolvedores de sistema e profissionais de programação trabalharam durante nove dias consecutivos para encontrar uma solução para oferecer melhorias nos serviços aos profissionais do Crea-SP, que têm reclamado do alto tempo que despendem para preenchimento dos dois formulários mais importantes do trabalho deles: a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e a Certidão de Acervo Técnico (CAT).

Com o apoio de uma mentoria especializada em conduzir os participantes na obtenção do resultado esperado, as equipes ficaram concentradas durante 213 horas consecutivas com a missão de propor um novo sistema de preenchimento dos documentos e reduzir o tempo médio para abaixo dos 30 minutos sem desprezar os dados já inseridos em caso de erro.

Mais de 100 jovens participaram da disputa Foto: Fernando Roberto/Estadão Blue Studio

Para encontrar uma solução, entrevistaram dezenas de profissionais, estudaram sistemas e linguagens de programação, fizeram protótipos e elaboraram uma apresentação (pitch) de 3 minutos para vender a ideia, nesse último dia de evento, para um grupo de avaliadores formado por empresários e investidores e conselheiros do Crea-SP.

“Esse é um dos processos que adotamos para melhorar o preenchimento desse documento e de outras coisas, o que nunca conseguiríamos fazer sem a visão de vocês, que doaram toda essa energia”, diz Vinicius Marchese durante o anúncio da equipe vencedora.

Liderada pela engenheira química Stéfany Mikaelle da Silva Lima, o time vencedor propôs a simplificação do preenchimento da ART com o uso de um QR Code, a adoção de nova modalidade de pagamento em tempo real e a possibilidade de salvar o preenchimento para ser reutilizado. “Eu preenchi muita ART quando era estagiária e sei das dificuldades a serem superadas. Quando vi a proposta do hackathon, eu tive que propor uma solução para isso”, comemorou Stéfany ao agradecer o prêmio de R$ 5 mil em nome da equipe.

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