GENEBRATradicionalmente discriminados pelo norte rico, os países do sul da Europa que se encontram no centro da turbulência mundial são alvos de uma nova polêmica. Nas últimas semanas, o mercado financeiro passou a se referir às economias altamente endividadas como PIIGS - uma referência à primeira letra de cada um dos nomes dos países: Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain, em inglês). O acrônimo é próximo da palavra "pigs", ou porcos, em inglês.Agora, o uso do acrônimo se transformou em uma polêmica. No Citigroup e no JPMorgan Chase, PIIGS aparece em seus relatórios. No Barclays Capital, a gerência obrigou os funcionários a abandonar o uso do acrônimo em comunicados escritos. Já outros preferem usar apenas PIGS, com um I a menos. Segundo um relatório do UniCredit SpA, "quando se fala em PIGs, a letra I se refere a Irlanda, não Itália", esclarece o documento do banco. Para a instituição, a Itália estaria em uma situação "bem mais sólida".A percepção é de que o uso denigre os países e não seria um tratamento justo para essas economias. Principalmente diante da constatação de que o Reino Unido também está submergido em um nível de dívida parecido, enquanto os Estados Unidos têm um déficit orçamentário de 12%, acima da Espanha. O déficit americano é duas vezes o da média da Europa. Analistas de mercado em Zurique confirmaram que o uso dos PIIGS está "generalizado" no mercado europeu. Já os gregos parecem não se importar com o nome. "Podem nos chamar também de Club Med", ironizou o grego Loukas Tsoukalis, assessor especial do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
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