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Mossoró: entenda o que se sabe sobre a recaptura de fugitivos no Pará após 50 dias de buscas

Dupla havia escapado de penitenciária federal em 14 de fevereiro e foi achada a 1,6 mil quilômetros de distância em Marabá, no Pará; os presos retornaram a Mossoró na madrugada desta sexta-feira, 5

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Por Redação

Após 50 dias de buscas, os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, foram recapturados na quinta-feira, 4, em uma ação conjunta das polícias Federal e Rodoviária Federal. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, que escaparam do presídio em 14 de fevereiro, foram presos, em Marabá, município do Pará.

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A população da pequena cidade de Baraúna, distante a 35 quilômetros de Mossoró, comemorou a recaptura da dupla. Nos últimos meses, a cidade convivia em clima de apreensão e temor devido ao forte aparato policial que se instalou nas mediações e a demora na recaptura.

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, os presos retornaram a Mossoró na madrugada desta sexta-feira, 5. “Informamos que os presos retornaram a Mossoró na madrugada desta sexta-feira. Eles estão em celas separadas”, disse a pasta.

Veja o que se sabe sobre a recaptura de fugitivos de Mossoró.

Quando e onde a dupla foi recapturada?

Os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró foram recapturados na quinta-feira. O grupo seguia em três veículos pela rodovia BR-222 e na altura de Marabá, no Pará, foram cercados em uma ponte por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF). Um fuzil foi apreendido.

“Na tarde quinta-feira, em uma ação conjunta das polícias Federal e Rodoviária Federal, foram presos, em Marabá (PA), os foragidos do Sistema Penitenciário Federal Rogério Mendonça e Deibson Nascimento”, informou em nota o Ministério da Justiça e Segurança Pública, adiantando que seriam levados de volta a Mossoró, o que ocorreu nesta madrugada de sexta-feira.

Questionado sobre a segurança da unidade, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que todos as providências foram tomadas para garantir que a penitenciária não esteja suscetível a novas fugas. Além da aquisição de novos equipamentos, houve reforço nos protocolos de segurança, melhoria na iluminação, entre outras medidas.

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No cerco realizado na ponte, os criminosos chegaram a apontar um fuzil para os policiais, mas acabaram desistindo do confronto, segundo o delegado geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues.

Eles estavam a qual distância de Mossoró?

A localização fica a 1,6 mil quilômetros de Mossoró. O governo disse que eles tinham o objetivo de deixar o País. “Foram presos perto de Marabá e estavam se dirigindo para o exterior”, disse Lewandowski.

Ele não informou, porém, qual seria o país de destino dos foragidos. De acordo com o ministro, as investigações ainda estão em curso.

Segundo a Polícia Federal, ao longo do caminho, eles tiveram ajuda de diversas pessoas, que forneceram comida, dinheiro e até carros para os foragidos.

Os fugitivos Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, que tinham escapado da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram capturados em cidade do Pará. Foto: Divulgação/Polícia Federal

O que é o “comboio do crime”, citado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública?

A dupla formou o que Lewandowski classificou como “comboio do crime” para tentar escapar do País. Os criminosos ligados ao Comando Vermelho usaram até um barco para se deslocar do Ceará para o Pará.

O bando tentava escapar do País em três carros. Há indícios de que os comparsas sejam membros de facções criminosas, mas as investigações ainda não foram concluídas.

Quantas pessoas foram presas, além dos dois fugitivos?

Os fugitivos foram monitorados permanentemente até serem localizados. Desde o início da operação, 14 indivíduos foram detidos, incluindo os seis presos na quinta-feira. Na operação, além dos dois fugitivos, outros quatro comparsas foram presos por suspeita de integrarem a rede de apoio dos criminosos.

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Como foram realizadas as buscas?

Durante um mês, os criminosos permaneceram nas redondezas de Mossoró. Na época, o governo mobilizou cerca de 500 policiais para atuar nas buscas, que utilizavam equipamentos avançados como drones de monitoramento da temperatura corporal.

A Penitenciária Federal de Mossoró está localizada em um trecho da RN-015, que liga a cidade de Mossoró a Baraúna, seguindo até a divisa do Ceará. As buscas se concentraram inicialmente em um raio de 193 quilômetros quadrados.

“Estávamos os seguindo de perto, tínhamos a convicção de que se encontravam na região. Eles estavam num raio de 193 quilômetros quadrados, mas o que nos dava certeza que estavam ainda no local e nos autorizava a manter uma força de quase 500 homens é que tínhamos vestígios da presença deles, restos de alimentação, rastros e os cães que os farejavam”, disse o ministro.

Antes da captura na quinta, a força-tarefa montada na região já estava sendo desmobilizada e as estratégias seguiam outros rumos. “Mudamos de estratégias quando soubemos que eles não estavam mais nas proximidades de Mossoró”, disse Lewandowski.

Na semana passada, ao anunciar a desmobilização da Força Nacional da força-tarefa na área potiguar, a pasta destacou a mudança no perfil da operação. A polícia passaria a focar em “ações de inteligência” para localizar a dupla de criminosos.

Os dois fugitivos que tinham escapado da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram recapturados na quinta-feira, 4. Foto: Reprodução/Polícia Rodoviária Federal

Quem são os fugitivos?

  • Nascimento e Mendonça ascenderam no mundo do crime organizado atuando no Acre como “matadores” do Comando Vermelho.
  • Os criminosos, que possuem condenações que somam mais de 100 anos, foram transferidos para Mossoró no fim de setembro do ano passado.
  • A decisão pela transferência se deu após a dupla participar de uma rebelião que resultou em cinco mortes em um presídio de Rio Branco, capital do Acre.

Como foi a dinâmica da fuga?

Para conseguir sair da penitenciária, Mendonça e Nascimento escalaram uma luminária de suas respectivas celas. Na ocasião, os prisioneiros utilizaram uma barra de ferro para alargar o buraco da luminária, passaram, conseguiram acessar um local utilizado pela estrutura interna da penitenciária, chegaram ao teto e, depois, ao pátio do presídio. No local, pegaram um alicate e cortaram o alambrado de proteção, fugindo em seguida.

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A fuga que ocorreu na penitenciária de Mossoró é inédita no sistema penitenciário federal, criado em 2006.

Inquérito apontou falha de procedimento

A Corregedoria-Geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, concluiu relatório sobre a responsabilidade de servidores da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) na fuga.

O resultado da apuração, divulgado na tarde de terça-feira, 2, diz que não há indícios de corrupção no caso, mas aponta falhas nos procedimentos carcerários de segurança. Ao todo, 10 servidores responderão a processos administrativos.

Após recaptura de fugitivos de Mossoró, governo demite diretor de prisão federal

O Ministério da Justiça e Segurança Pública demitiu o diretor da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Humberto Gleydson Fontinele Alencar, que estava afastado do cargo desde fevereiro. A portaria de dispensa de Alencar foi assinada nesta quinta-feira, 4, e será oficializada no Diário Oficial da União nos próximos dias.

Atualmente, a penitenciária está sob os cuidados de Carlos Luis Vieira Pires, que foi nomeado como uma espécie de “interventor” pelo ministro Ricardo Lewandowski logo que a cúpula do presídio foi afastada.

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