O que caracteriza nossa música, aquela que é uma das maiores riquezas nacionais, e o que nos trouxe até aqui, em termos de origens e referências?
Antônio Penteado Mendonça fala sobre estes e outros assuntos com Julio Medaglia, maestro, compositor, arranjador e escritor.
O convidado conta que a corrida pelo ouro, em Minas Gerais, no século XIX, foi um dos principais fatores para a disseminação da música erudita entre as pessoas pretas escravizadas. "Os portugueses resolveram não só vir buscar o metal aqui, mas, também, trazer informação cultural", afirma Medaglia. De acordo com o especialista, em Diamantina, por exemplo, existia uma "confraria de homens de cor" com mais de dois mil músicos profissionais inscritos - entre copistas, compositores, cantores, organistas e, até, construtores de instrumentos.
Esta raiz resulta numa miscigenação que influencia, também, o cancioneiro. "Aqui, tudo se misturou. Você vai do Sul ao Norte e encontra dezenas de ritmos musicais diferentes. No século XX, os brancos passaram a compor músicas de raiz negra e fizeram sua multiplicação no território", explica o maestro. O cenário culminou no que Julio Medaglia classifica como a "música popular mais diversificada do mundo".
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.