O número de cursos de graduação em Medicina no Brasil implica positiva ou negativamente na qualidade do atendimento? Como hospitais privados e planos contribuem para a melhora global do sistema de Saúde?
Antônio Penteado Mendonça fala sobre estes e outros assuntos com Raul Cutait, integrante da Academia Nacional de Medicina e ex-secretário de Saúde de São Paulo.
A partir do dado que o Brasil tem quase 400 faculdades de Medicina, o especialista comenta que a graduação é apenas um aspecto da formação universal que um profissional deveria ter: "O médico precisa aprender relações humanas e ética e isso se dá no 'campo de batalha'. Não temos professores, centros de treinamento ou vagas de residência para esta quantidade de faculdades; despejamos no mercado de trabalho muita gente despreparada, o que leva ao aumento dos erros médicos", opina. Sobre as falhas, Cutait ainda acha injusto que o profissional seja o único responsabilizado e considera que a "conta" deve englobar faculdade, governo e o hospital que o contratou também.
Neste cenário, hospitais filantrópicos podem ser a solução para melhorar o atendimento de Saúde no Brasil? O ex-secretário de Saúde paulista afirma que as instituições particulares recebem pela contribuição social para fazer o que o SUS não consegue - formação de pessoas, treinamento e atendimento de alta complexidade -, mas considera que "para procedimentos do dia-a-dia, quem tem um pouco mais de condição financeira, o plano de saúde resolve bem".
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