O estudante Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu na tarde desta segunda-feira a Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva (366 quilômetros a noroeste de São Paulo). Armado com um revólver calibre 38, o ex-aluno da 3ª série do colégio disparou contra cerca de 50 pessoas que assistiam a aulas de recuperação. Os tiros feriram nove pessoas, entre elas uma professora e um garoto de oito anos. Um aluno atingido na altura do tórax foi levado em estado grave para a Santa Casa de Bebedouro. Após os disparos, Edmar se matou com um tiro na cabeça. Segundo o Primeiro Tenente Amarildo Roberto Bassi, da Polícia Militar de Taiúva, o estudante efetuou 14 disparos e tinha ainda 89 cartuchos nos bolsos. A polícia ainda não sabe onde o estudante conseguiu a arma e a munição e não tem explicações para o fato. O crime chocou a população de pouco mais de cinco mil habitantes. "Há cinco nos não são registrados homicídios na cidade", afirma o policial. Os pais de Edmar são lavradores e, segundo o tenente Bassi, os colegas relataram que o estudante tinha um comportamento normal na escola. Como foi Edmar entrou na escola, cumprimentou a zeladora Maria do Carmo Bernardo de Souza, que mora numa casa dentro da própria instituição, e foi para o pátio. Lá, sem nada falar, começou a disparar os tiros a esmo, contra os colegas. Um dos projéteis atingiu, de raspão, uma das pernas da vice-diretora Maria de Lourdes Jacon Fernandes. Edmar ainda recarregou a arma e continuou a atirar. O marido da zeladora, Antonio Augustinho de Souza, foi atingido numa perna. O estudante caminhou para a casa de Maria do Carmo, que estava na cozinha. Ficou frente-a-frente com ela. A zeladora implorou e pediu a Deus para que não atirasse nela. De súbito, sem vacilar, Edmar disparou a última bala do revólver em sua própria cabeça. O filho da zeladora, Carlos Alberto de Souza, de 18 anos, que chegou do litoral na madrugada desta segunda-feira, disse que conhecia Edmar e que ele nunca demonstrou ter distúrbios. "Era um cara normal, pelo menos que eu soubesse", afirmou Carlos. Nas conversas entre ambos, talvez um indício de um possível distúrbio não notado. "Ele era obeso e falávamos sobre regimes e academias", revela Carlos. O investigador José Roberto Gibim informou o mesmo: o estudante era retraído devido à obesidade. Os pais, lavradores, e parentes não entendem o motivo do crime. Só estranharam, segundo Gibim, que Edmar não deixasse ninguém entrar em seu quarto nos últimos meses. O investigador disse que alguns colegas teriam dito que Edmar "brincava", dizendo que ia explodir a escola e matar alguns estudantes. Essa informação, porém, ainda será investigada pela polícia. Dois dos nove feridos ficaram em estado grave. Um deles foi levado para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto no início da noite.