Estupro coletivo na Índia: como turista brasileira conseguiu uma prova contra os criminosos

Oito foram presos por suspeita de envolvimento no crime; vítima conseguiu gravar evidência que auxiliou investigadores na busca

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Por Redação
Atualização:

Até esta terça-feira, 5, oito homens foram presos por suspeita de envolvimento com a agressão na Índia a um casal de turistas, formado por uma brasileira naturalizada espanhola e seu marido, espanhol.

O casal foi atacado na noite da última sexta-feira, quando estava acampado no distrito de Dumka, no estado de Jharkhand, no norte do país, como parte de uma longa viagem de motocicleta.

Um estupro brutal em um campo aberto, uma gravação de voz feita pela vítima que foi fundamental para a busca, a indignação coletiva e um delicado processo judicial em andamento são o resumo do que aconteceu desde a noite da última sexta-feira.

O casal foi atacado na noite da última sexta-feira, quando estava acampado no distrito de Dumka, no estado de Jharkhand, no norte do país, como parte de uma longa viagem de motocicleta. Na imagem, eles em frente ao Taj Mahal Foto: Reprodução/Instagram/vueltaalmundoenmoto

O ataque ocorreu antes da meia-noite. A barraca em que os turistas dormiam estava localizada em uma esplanada isolada na aldeia de Kunji. A mulher foi estuprada várias vezes, enquanto seu marido foi severamente espancado, em um ataque que durou de duas a três horas.

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  • Uma gravação da voz de um dos agressores capturada pela mulher permitiu que a polícia encontrasse em poucas horas o suspeito, que confessou tudo e levou à prisão de outros dois envolvidos, que também confessaram sua participação, disseram fontes da investigação à agência EFE.

A Comissão Nacional para Mulheres, órgão do governo indiano, condenou o “estupro brutal” em uma declaração na qual disse que, de acordo com seus relatórios, entre oito e dez pessoas estavam envolvidas no crime.

Além disso, a sessão da Assembleia Legislativa de Jharkhand, no sábado, foi suspensa em pelo menos duas ocasiões devido à discussão conturbada e às acusações mútuas sobre o ataque entre as forças políticas dominantes e opositoras da região.

Depois de passar a primeira noite após o ataque em um hospital local, o casal foi transferido no sábado para uma casa do governo regional em um local não revelado para sua segurança, relataram à EFE fontes do hospital onde foram atendidos.

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Ambos foram depor no domingo em um tribunal local como etapa prévia antes de a corte ratificar as prisões e formalizar as acusações criminais. Nesta terça-feira, eles deram novo depoimento e deixaram a Índia rumo ao Nepal.

A lei prevê penalidades severas para o estupro, a maioria das quais não é passível de fiança. Um estupro, de acordo com o código penal indiano, é punido com não menos do que dez anos de prisão e um estupro coletivo pode ser punido inclusive com a prisão perpétua.

De acordo com as autoridades, não há necessidade de o casal testemunhar novamente. A polícia tem 30 dias para concluir a investigação e, em seguida, 60 dias para que o tribunal emita um veredicto. O casal deve deixar a Índia nesta semana de motocicleta e viajar para o Nepal para continuar uma longa rota que iniciaram há vários meses para atravessar a Índia a partir do extremo sul do país.

Antes de sua partida, os turistas receberam um cheque de cerca de US$ 12 mil como meio de compensação pela agressão que sofreram. O casal é formado por motociclistas experientes que iniciaram há seis anos uma viagem de volta ao mundo, partindo da Espanha para o Paquistão, depois para Bangladesh, Sri Lanka, Índia e Nepal. /EFE

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