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Eu sou o Lobo Mau, Lobo Mau, Lobo Mau

Paulo se reveza entre assustar Chapeuzinho e dublar o Cascão

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Por Redação
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Dizer, simplesmente, que o Lobo Mau é Paulo Cavalcante, ator paulistano de 50 anos, bacharel em Teatro pela Escola de Comunicação e Artes da USP, tiraria da história absolutamente toda graça.O que importa é dizer que - e ele aposta que poucos saibam disso - a mesma voz nasalada a bradar "Chapeuzinhooo", nos palcos do Teatro Ruth Escobar, na Bela Vista, grita estripulias como "Mônica, sua escandalosa!" e "Corre, Cebolinhaaa!" pelas ruas do mítico Bairro do Limoeiro, lar da turma mais famosa dos quadrinhos brasileiros. O ator Paulo Cavalcante - além do Lobo Mau que tanto impressiona a menina Sofia, filha da chef Thays Oliveira - é também, há 27 anos, a voz do sujinho Cascão, nos desenhos animados da Turma da Mônica.Dublador profissional, Paulo já não sabe o número de filmes, minisséries e vídeo-gibis nos quais gravou a voz do personagem. Começou pelo distante A Princesa e o Robô, de 1983, segundo longa-metragem da Mauricio de Souza Produções, e, desde então, não mais parou. "Mas não é caso de se reconhecer facilmente. As pessoas percebem que tenho o dom da imitação, mas, se disser que houve um dia em que alguém me parou na rua por reconhecer que tenho "voz do Cascão", estaria mentindo", diz, brincalhão.Nos primeiros anos da década de 1980, também deu corpo ao personagem, interpretando o sujinho em peças itinerantes. Foram momentos que mais tarde acabaram rendendo frutos também no plano pessoal. "Tenho duas filhas: uma com a "voz da Mônica" (a dubladora Marli Bortoletto) e outra com o "corpo da Mônica" (a atriz Patrícia Messias, que interpreta a dentucinha no Parque). É mergulhar o suficiente no universo da turma, né?", brinca.Apesar do extenso trabalho com dublagem, a maior parte do tempo Paulo dedica aos palcos. Na peça Os Saltimbancos, também no Ruth Escobar, o ator está em cartaz há 21 anos, no papel do Cachorro. "E é incrível perceber como o público das peças é rotativo. Cansei de ouvir crianças gritando "Olha o Lobo!", durante Os Saltimbancos, pois havia assistido antes à peça Chapeuzinho", conta.Mesmo passados 26 anos desde que subiu aos palcos pela primeira vez, ainda há espaço para surpresas na rotina do ator - como quando percebeu, há pouco tempo, que fazia parte do ritual de crescimento dos pequenos espectadores. "Um dia, enquanto cumprimentava crianças depois do espetáculo, um rapazinho de 3 ou 4 anos me puxou a mão, tirou da boca sua chupeta e me deu. Ele queria entregar a chupeta para o Lobo Mau, como sinal de que aquilo não fazia mais parte de sua vida, de que não voltaria a usá-la." A cena se repetiu pelo menos dez vezes, desde que entrou em cartaz como Lobo Mau, em 2007. "Isso mostra a força que o personagem, tão antigo, mantém ainda hoje entre as crianças. É fascinante", diz o ator, que também trabalha com teatro de improviso, em empresas na capital. "Teatro é minha maior paixão."De férias em seu apartamento no Itaim-Bibi, zona oeste, o ator se preparava, numa sexta-feira nublada, para ir ao shopping - precisava comprar o presente da filha, que fazia aniversário naquele dia. Passou meia hora no Shopping Frei Caneca e desistiu. Não encontrou nada de seu interesse.Antes de deixar a vaga na Rua Herculano de Freitas, Bela Vista, em frente a um prédio residencial marrom, de 12 andares, fez sinal para que um taxista que esperava a vez de parar por ali passasse. Eram 18 horas e o dia não ia bem para o homem da Meriva branca - completara pouco mais da metade das 13 corridas que calculara como meta para o dia. Esperaria um pouco mais no ponto, talvez conseguisse um último passageiro.

 

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