PUBLICIDADE

Fã de Led Zeppelin e influencer da fé: quem é o padre nomeado exorcista

Formação para desempenhar função exige preparação rigorosa, segundo Dalmário Barbalho de Melo; religioso usa as redes sociais para propagar a fé católica.

PUBLICIDADE

Por Ricardo Araújo
Atualização:

Um amante do rock que na juventude “ouviu o chamado de Deus” para se tornar padre. Neste mês, ele foi nomeado o mais novo exorcista da Arquidiocese de Natal, no Rio Grande do Norte. Dalmário Barbalho de Melo, coleciona quase 30 mil seguidores no Instagram e usa as redes sociais para propagar a fé católica. Seu primeiro exorcismo ocorreu há quase 20 anos e, conforme relata, foi uma experiência que o transformou.

Religioso também é fã de Titãs e Guns N' Roses Foto: Cacilda Medeirows/Arquidiocese de Natal

PUBLICIDADE

A nomeação como exorcista, função que dividirá com outros três padres ao longo do próximo ano, foi realizada no último dia 18 via decreto assinado pelo arcebispo de Natal, Dom João Santos Cardoso.

Em 2017, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou orientação de que cada uma das 215 dioceses e 44 arquidioceses do País tenham um padre designado para a função. Três anos antes, o papa Francisco reconheceu a Associação Internacional de Exorcistas.

Além de religioso, padre Dalmário é fã de bandas como Titãs, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Guns N´ Roses, Scorpions e Led Zeppelin. E flamenguista de carteirinha.

“A questão do exorcismo não é novidade. Sempre existiu, mas desperta a imaginação das pessoas por causa dos filmes, das novelas, do imaginário, das fábulas. Mas não há nada de romântico no exorcismo. O ministério do exorcismo é prescrito desde os primeiros séculos da Igreja Católica”, destaca ele.

Ordenado há quase 20 anos, após estudos no Vaticano, ele participou do Curso de Exorcismo na Pontifícia Universidade Regina Apostolorum, em Roma. “É uma formação rigorosa, exaustiva. São quatro meses de estudos aprofundados que envolvem temáticas além da religião”.

Psicólogo e historiador por formação, Padre Dalmário utiliza seus conhecimentos acadêmicos na avaliação das pessoas que o procuram para serem exorcizadas e faz um alerta.

Publicidade

“Nem todas as pessoas que procuram os padres exorcistas estão possuídas por demônios. Muitas delas confundem as situações por estarem inseridas em contextos de depressão, ansiedade, síndrome do pânico. Os casos de exorcismo em si, são raros”, afirma.

“A maioria das pessoas que acolho precisa de escuta atenta, acolhimento, um abraço fraterno. Essas pessoas não podem ser marginalizadas, mas acolhidas e encaminhadas para o tratamento adequado e, na maioria das vezes, não é o exorcismo”, acrescenta.

Dalmário utiliza a própria experiência para confirmar a raridade das sessões de exorcismo. O único exorcismo realizado por ele foi em 2005 em uma adolescente de 14 anos que precisou ser amarrada a uma cama, na zona norte da capital potiguar, por apresentar comportamentos considerados estranhos.

“Há características que analisamos quando atendemos ao chamado para um exorcismo”, explica ele. Alterações significativas na voz, sobretudo em crianças e adolescentes, ou falar idiomas desconhecidos estão entre esses sinais de alerta, conforme o padre.

“Também se elas apresentam força incompatível com suas condições físicas e, também, quando debocham de Deus e das imagens sacras que apresentamos para a expulsão dos demônios”, lista o sacerdote.

A Igreja Católica defende o exorcismo como um “ministério de caridade e misericórdia”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.