Força Nacional chega a Manaus

Cem homens foram destacados pelo governo federal para compor a equipe que reforçará a segurança no Amazonas; Roraima também solicitou ajuda

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Por Márcia Oliveira
Militares desembarcam em Manaus em meio à crise penitencária Foto: EDMAR BARROS/FUTURA PRESS

MANAUS - A primeira aeronave modelo C-99 trazendo a Força Nacional desembarcou no Aeroporto de Ponta Pelada, no bairro Crespo, zona sul da capital, por volta das 4h55, horário de Brasília (2h55 no horário local), com 29 pessoas a bordo. Uma segunda aeronave modelo Hércules chegaria ainda nesta manhã, com mais 71 homens. Ao todo, cem pessoas foram destacadas para compor a equipe que reforçará a segurança no Estado. 

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A medida faz parte do auxílio do governo federal a sete Estados que pediram ajuda para reforçar a segurança do sistema penitenciário local. Além do Amazonas e Roraima, também solicitaram ajuda Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazona (SSP-AM), a ideia principal é que o efetivo dê reforço na segurança do entorno, podendo dar apoio às barreiras, ajudar na recaptura de fugitivos, escolta e guarda de presos que eventualmente precisem se deslocar para algum tribunal, por exemplo.

Retorno. Os 20 detentos que haviam sido transferidos na manhã de segunda-feira, 9, para a unidade prisional de Itacoatiara, na região metropolitana de Manaus, estão retornando para a capital. A informação foi confirmada pelo comando da operação. 

Ainda segundo a PM, a determinação foi da juíza de Execuções Penais do município, Dinah Câmara. Segundo decisão, os detentos devem retornar à Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus.

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Nesta terça-feira, o Estado mostrou que, para acabar com o déficit atual de 250 mil vagas no sistema penitenciário nacional, seria necessário um investimento de pelo menos R$ 10 bilhões. Os números foram apresentados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em documento enviado em outubro à presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, antes de sua primeira blitz em presídios, no Rio Grande do Norte. Apenas o censo penitenciário proposto pela ministra deverá custar R$ 18 milhões aos cofres públicos.

MASSACRE EM MANAUS Um sangrento confronto entre facções no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, deixou 56 mortos entre a tarde de 1º de janeiro e a manhã do dia 2. A rebelião, que durou 17 horas, acabou com detentos esquartejados e decapitados no segundo maior massacre registrado em presídios no Brasil - em 1992, 111 morreram no Carandiru, em São Paulo. Treze funcionários e 70 presos foram feitos reféns e 184 homens conseguiram fugir. Outros quatro presos foram mortos no Instituto Penal Antonio Trindade (Ipat), também em Manaus. Segundo o governo do Amazonas, o ataque foi coordenado pela facção Família do Norte (FDN) para eliminar integrantes do grupo rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Cinco dias depois, o PCC iniciou sua vingança e matou 31 detentos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista, Roraima. A maioria das vítimas foi esquartejada, decapitada ou teve o coração arrancado, método usado pelo PCC em conflitos entre facções. Com 1.475 detentos, a PAMC é reduto do PCC, que está em guerra contra a facção carioca Comando Vermelho (CV) e seus aliados da FDN. Roraima tem 2.621 presos - 900 dos quais pertenceriam a facções, a maioria do PCC. No total, 27 facções disputam o controle do crime organizado nos Estados.

A guerra de facções deixou o sistema penitenciário em alerta, os e governadores de Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pediram ajuda do governo federal com o envio da Força Nacional. Amazonas foi o primeiro Estado a receber. A crise é tamanha que, segundo o Conselho Nacional de Justiça, são necessários R$ 10 bilhões para acabar com déficit prisional no País.