Gene tem papel importante na esquizofrenia, dizem pesquisas

Cientistas americanos e escoceses identificaram ligação entre gene mutante e doença mental.

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Por BBC Brasil

Dois estudos apontaram um único gene como a chave para o desenvolvimento e o tratamento da esquizofrenia. Uma equipe do Howard Hughes Medical Institute, nos Estados Unidos, descobriu que uma versão mutante do gene DISC1 atrapalha o crescimento de células cerebrais. Um grupo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, por sua vez, mostrou como o gene afeta a forma como pacientes respondem a tratamentos contra a doença. Os dois estudos, publicados nas revistas médicas PLoS One e Cell , aumentam as esperanças na descoberta de tratamentos mais eficazes contra a esquizofrenia. A doença é uma forma comum de distúrbio mental, afetando 1% da população adulta mundial. Os sintomas tendem a aparecer no fim da adolescência ou começo da vida adulta, e podem incluir alucinações, paranóia e depressão. A equipe americana demonstrou que o gene DISC1 desempenha um papel importante no desenvolvimento normal do cérebro e no crescimento de neurônios. Mas, uma versão incorreta do gene pode atrapalhar o processo. Trabalhando com ratos, os cientistas mostraram como o gene estava ativo em células tiradas de embriões e também em células-tronco tiradas de ratos adultos. Quando os níveis de DISC1 foram reduzidos em ratos adultos, as células cerebrais falharam em se dividir, e os animais desenvolveram sintomas parecidos com os da esquizofrenia. Outros testes mostraram que o gene age como o lítio, uma droga que inibe a ação de uma importante substância química no cérebro e é usada como estabilizador de humor em pacientes com doenças mentais. Quando os ratos com baixos níveis de DISC1 foram tratados com essa substância química, os sintomas começaram a melhorar. "Nós precisamos entender a genética da esquizofrenia, mas agora sabemos que o DISC1 provavelmente contribui para a doença, o que é um grande passo", disse o chefe da pesquisa, Li-Heui Tsai. Em Edimburgo, os pesquisadores analisaram dados do Projeto do Genoma Humano, que foi criado para mapear o código genético dos seres humanos. Eles revelaram que o DISC1 afeta uma série de outros genes que são tratados pelos atuais remédios para a esquizofrenia. "Nós sabemos que distúrbios como a esquizofrenia têm um elemento genético e que esse gene específico, o DISC1, é importante nesse processo", disse o coordenador da pesquisa, William Hennah. "Esse estudo nos ajuda a entender exatamente como ele afeta o desenvolvimento do cérebro e dá pistas de como resolver os problemas quando esse processo dá errado." A organização não-governamental Rethink, que trabalha com problemas mentais, descreveu o estudo como um importante passo para se entender a esquizofrenia, mas apenas um pequeno passo. "Com doenças mentais recebendo apenas 6,5% do investimento para pesquisas na Grã-Bretanha, deverá levar um longo tempo para que essas descobertas sejam transformadas em grandes avanços", disse um porta-voz da ONG. "Se nós realmente quisermos desvendar as complexas causas da esquizofrenia e desenvolver tratamentos mais eficazes, nós precisamos de um nível de investimento para pesquisa proporcional ao enorme custo humano e econômico da doença." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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