Apesar de o decreto da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) permitir que militares da Aeronáutica abordem e revistem passageiros nos dois maiores aeroportos do Brasil, a intenção da força é “não interferir no direito de ir e vir” dos passageiros. O foco ao longo dos seis meses de operação será principalmente coibir a ação de grupos criminosos que se utilizam dos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e do Galeão, no Rio.
Para isso, os militares atuarão em colaboração com a Receita Federal, com a Polícia Federal, com as forças de segurança pública dos dois Estados e com a própria administração dos aeroportos.
Ao todo, a Força Aérea Brasileira (FAB) irá disponibilizar 600 militares da infantaria de diferentes partes do Brasil para a operação. Diariamente, 100 trabalharão em regime de revezamento em cada um dos aeroportos, informou a força nesta quarta-feira, 8.
Em Guarulhos, a FAB irá auxiliar a Polícia Rodoviária Federal já nos acessos à Cumbica. No Rio, a atuação irá se restringir aos 14 quilômetros quadrados que compõem o aeroporto. Cães farejadores, viaturas e “armamento leve” também serão utilizados.
“O aumento da sensação de segurança da população é uma das nossas premissas. Outra premissa é a mitigação da capacidade das organizações criminosas e de suas atividades ilícitas, e que a gente não intefira no ir e vir e no fluxo do aeroporto”, explicou nesta terça-feira o major brigadeiro do ar Luiz Guilherme da Silva Magarão, que comanda a operação da FAB.
“É uma atividade que já é realizada no dia a dia dos aeroportos. O decreto da GLO prevê que a gente venha para atuar juntos, como uma maneira de reforçar a segurança e o combate a ilícitos”, afirmou. “O espírito é de coloraboração e cooperação.”
Entre as atribuições, os militares poderão realizar revistas a passageiros, cargas e bagagens, sempre em coordenação com a Polícia Federal, Receita Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que atuam diariamente nos aeroportos. “Podemos fazer revistas, buscas e fiscalização no saguão dos aeroportos de maneira bastante ativa”, declarou Magarão.
GLO foi autorizada após aumento da violência no Rio
A operação nos aeroportos começou na segunda-feira, 6, mas desde então nenhuma apreensão ou prisão foi registrada no Galeão.
Mas, para o delegado da Polícia Federal Jacson Rosales, chefe da delegacia especial da PF no aeroporto, esse fator não pode ser considerado no momento ou ao fim da operação para defini-la como de sucesso ou não - ao menos de forma isolada.
Ele considera que o simples fato de haver um aumento do efetivo nos aeroportos e no número de fiscalizações pode fazer com que os criminosos diminuam sua atuação nesses locais.
Rosales também fez um alerta. “A GLO por si só não vai debelar por completo o crime organizado no Rio de Janeiro”, disse. Ele lembrou que a operação está incluída num esforço conjunto entre os governos para melhorar a segurança pública no Estado.
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