Gordão, traficante do PCC que se inspira em Pablo Escobar, é preso em SP

Anderson Lacerda Pereira, que tinha o nome na Interpol havia dois anos, é suspeito de usar clínicas médicas para lavagem de dinheiro do narcotráfico

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Foto do author Gonçalo Junior
Atualização:

Um dos traficantes mais procurados do Brasil de acordo com a Polícia Civil, Anderson Lacerda Pereira, o Gordão, foi preso nesta segunda-feira, 5, em Poá, na Grande São Paulo. Segundo os investigadores, o nome dele estava na lista de procurados da Interpol desde 2020 e ele era procurado desde 2017.

Anderson, também conhecido como Gordão ou Gordo, era investigado por tráfico, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Segundo a polícia, ele ficou milionário e se inspirava em traficantes internacionais, como o colombiano Pablo Escobar. Ele se tornou reconhecido entre os criminosos em 2014, quando intermediou uma venda de cocaína entre a facção criminosa conhecida como PCC e a máfia italiana.

O traficante Anderson Lacerda Pereira, mais conhecido como Gordão, foi preso pela Polícia Civil Foto: Polícia Civil

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Nesta segunda-feira, a polícia também prendeu Jânio, que seria o braço direito do traficante. Acompanhados dos advogados, os dois prestaram depoimentos no 103º DP, onde vão ficar presos preventivamente por 30 dias. Em seguida, eles devem ser encaminhados para uma penitenciária.

“A prisão foi um ponto importante para a Polícia Civil do Estado de São Paulo. Ele tem um nível como o Pablo Escobar. Cabe à Justiça mantê-lo atrás das grades. Nosso trabalho foi feito. É um baque muito grande para o crime organizado e o tráfico de entorpecentes. Essa prisão é um golaço da Polícia de São Paulo”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, ao Estadão.

Caderno de anotações levou ao chefão

As investigações sobre o paradeiro de Gordão começaram em novembro do ano passado. Foram mais de dez meses de buscas pelos investigadores do 103º DP, localizado na região de Itaquera. O primeiro indício foi uma apreensão de pequenas quantidades de drogas, cadernos dos traficantes e armas. Em julho, a polícia confirmou que as anotações continham o nome de Jânio Nascimento Barroso, braço direito do megatraficante. O suspeito passou a ser monitorado pela polícia em uma investigação que se estendeu por quase quatro meses.

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Anderson, no entanto, era cuidadoso. Os dois dificilmente eram vistos em público. Depois de um período na Bolívia, ele tomava algumas precauções inclusive para encontrar a mulher. Em São Paulo, ele se hospedava em diferentes motéis para fugir da polícia. No dia 15 de agosto, imagens do circuito interno de um desses locais mostram o encontro com a mulher.

Na segunda-feira, a polícia encontrou Jânio e Anderson almoçando em um restaurante popular na Avenida Antônio Massa, no centro de Poá.

Anderson é acusado de ter montado 38 clínicas médicas e odontológicas que eram usadas para lavar o dinheiro obtido com o tráfico internacional de drogas. Com esse esquema, o criminoso chegou a dominar os contratos da área de Saúde da cidade de Arujá, também na Grande São Paulo. Ele fechou contratos milionários, sem licitação, em serviços de distribuição de alimentos e medicamentos e coleta de lixo.

Em 2021, o Estadão mostrou a trajetória do traficante que imitava o criminoso colombiano Pablo Escobar. Gordão ficou conhecido por ter criado um esquema que combinava o tráfico de drogas com a lavagem de dinheiro, por meio de organizações sociais.

Acusado de ser um dos líderes do Narcosul, o cartel da droga do PCC e de seus associados, Gordo esteve foragido no ano passado. A polícia descobriu que ele vivia na região de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, com outras lideranças do cartel. A polícia também encontrou pistas de uma passagem sua pelo Recife. Em junho de 2020, ele deixou às pressas um de seus apartamentos antes da chegada dos policiais que cumpriam os mandados de busca e prisão da Operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo). Ele já havia sido preso na Operação Alquimia, da Polícia Federal, em 2010, acusado de vender lidocaína e cafeína para traficantes misturarem na droga.

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Procurada pela reportagem, a defesa do preso informou que irá se pronunciar no momento oportuno.

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