SÃO PAULO - O governo do Espírito Santo criou na noite desta quarta-feira, 8, um comitê de negociação com representantes do movimento que impede a saída de policiais militares dos batalhões das principais cidades do Estado.
De acordo com nota oficial do governo capixaba, o Comitê Permanente de Negociação vai estar à disposição em horário integral todos os dias da semana para se reunir com uma Comissão, a ser constituída "por representantes da corporação e por pessoas que representem as reivindicações do movimento da categoria, designadas de forma permanente".
A nota ressalta que o governo está "permanentemente aberto ao diálogo" e que realizou desde sexta-feira, 3, seis reuniões com representantes do movimento da PM.
O Comitê é composto pelos secretários de Direitos Humanos, Júlio Pompeu; da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira; Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior; e do Controle e Transparência, Eugênio Ricas.
O decreto será publicado no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira, 9, e assinado pelo governador em exercício capixaba, César Colnaghi (PSDB).
Descontrole. A crise da segurança pública no Espírito Santo já deixou ao menos 95 mortos desde sábado, 4. Nesta quarta, a situação ganhou contornos mais dramáticos. A Polícia Civil paralisou as atividades, suspendendo registros de ocorrência e atendimento. A PM manteve o motim.
A interrupção dos serviços pelos civis foi decidida após a morte do policial Marcelo Albuquerque, de 44 anos, que tentou impedir um assalto em Colatina, na Grande Vitória.
A Polícia Militar capixaba está há cerca de quatro anos com o salário congelado. A inflação do período, a partir de julho de 2013, atingiu o valor acumulado de 28,5% em dezembro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A defasagem é apontada como principal motivo dos oficiais não saírem às ruas. O Estado diz que, com o orçamento apertado, não pode dar reajuste.
Para auxiliar o governo capixaba a retomar o controle da segurança pública, os Ministérios da Defesa e da Justiça autorizaram a ida de mais 550 militares e 100 agentes da Força Nacional de Segurança para o Estado. A ajuda federal, solicitada para o reforço do policiamento, chega agora a 1.850 homens.
Nesta quarta, ônibus não circularam e as escolas permaneceram fechadas. Moradores enfrentaram filas de até três horas nos supermercados. Muitas redes limitaram o acesso para evitar saques.
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