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Governo sírio ataca Homs e chanceler russo negocia paz

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Por KHALED YACOUB OWEIS

A Rússia obteve nesta terça-feira do presidente sírio, Bashar al-Assad, a promessa de um fim da violência no país, mas governos árabes e ocidentais agem para continuar isolando Assad, depois de ativistas e rebeldes denunciarem a morte de mais de 100 pessoas em bombardeios do governo na cidade de Homs. O chanceler Sergei Lavrov, um raro aliado a visitar a capital síria ultimamente, disse que Rússia e Síria desejam retomar a missão de monitoramento da Liga Árabe, cujo plano para resolver a crise da Síria foi vetado por Moscou e Pequim no Conselho de Segurança da ONU. Não houve indicação pelas declarações de Lavrov de que a hipótese de Assad deixar o poder -elemento central da proposta árabe barrada no Conselho- foi discutida. Assad prometeu cooperar com qualquer plano que estabilize a Síria, mas já deixou claro que isso só incluiria uma versão anterior da Liga, que propõe a desmilitarização das cidades, a libertação de manifestantes presos e o estabelecimento de um diálogo nacional. A oposição síria, a Liga Árabe e governos ocidentais criticaram China e Rússia por seu veto à resolução, dizendo que essa posição representa um cheque em branco para a repressão aos protestos surgidos nos últimos 11 meses, e que segundo a Organização das Nações Unidas já mataram mais de 5.000 pessoas. Ativistas disseram que as forças do governo voltaram a bombardear a cidade de Homs, no centro do país, logo antes da chegada de Lavrov, matando pelo menos 19 pessoas. Segundo eles, o número de mortos em cinco dias de ofensiva militar já chega a 300. Moradores da cidade de Hama também relataram bombardeios e combates na cidade. A Síria afirma estar sendo vítima de uma campanha "terrorista" patrocinada pelo exterior. Os protestos, inicialmente pacíficos, cada vez mais dão lugar a um cenário de guerra civil, com a participação de militares desertores que agora confrontam o regime. A TV estatal do país informou que um comitê encarregado de redigir uma nova Constituição -uma das várias promessas de reforma política feitas por Assad- concluiu seus trabalhos nesta terça-feira. Assad diz que eleições parlamentares serão realizadas após a aprovação da Constituição. Lavrov disse ter saído da reunião com Assad dizendo que o presidente sírio se declarou "completamente comprometido com a tarefa de conter a violência, venha ela de onde vier", segundo relato da agência Interfax. A Rússia tem uma influência sem igual junto à Síria, por ser um importante fornecedor de armas e ter tradicionais vínculos políticos com o país, além de manter uma instalação naval em seu litoral. Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que os Estados Unidos estão considerando enviar ajuda humanitária ao povo sírio, na medida em que o governo norte-americano aumenta a pressão sobre Assad. "Vamos continuar o trabalho com os aliados internacionais... para colocar a pressão necessária", disse Carney a repórteres. Ele reiterou que o governo Obama não estava considerando armar as forças contrárias ao governo que buscam derrubar Assad. Sem dar detalhes, ele disse: "Nós estamos explorando a possibilidade de fornecer ajuda humanitária aos sírios." (Reportagem adicional de Matt Spetalnick, em Washington; de Joseph Logan, em Beirute; de Mitra Amiri, em Teerã; de Gleb Bryanski e Steve Gutterman, em Moscou; de Fiona Ortiz, em Madri; e de Jonathon Burch, em Ancara)

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